As mensagens de Natal tornaram-se habituais nos meios políticos nacionais. Uma forma de chegar às pessoas, diretamente, em dia de festa, estilo “Conversa em Família”, na aproximação entre os líderes e os liderados. A ideia é britânica e a Rainha de Inglaterra é a catedrática no formato (este ano, de Jubileu, até o fez em 3D).
Passos Coelho, o primeiro-ministo, voltou a cumprir a tradição e apresentou-se, em tom próprio, pouco ecuménico, sem árvore de Natal, mas com o presépio sem burro (Vista Alegre?) na retaguarda. Não caiu o nosso presidente do Governo no extremo do Chefe de Estado espanhol, o recentemente intervencionado à anca, Don Juan Carlos, que discursou este ano… sentado na secretaria…
A mensagem de Pedro Passos Coelho na televisão foi de severidade, ao estilo Ferreira Leite (o da Verdade por muito que custe)… com um toque esperançoso demasiado lapaliciano: “Os dias mais felizes e mais prósperos estão à nossa frente”. É verdade. Um dia isto há-de acabar e teremos dias mais felizes e mais prósperos. Não se sabe é quando… convenhamos.
Já com a mensagem, ontem, no Facebook, Pedro Passos Coelho deu azo a um tom que, convenhamos também, já começa a ser um bocadito salazarento… A ideia dos “felizes dos pobrezinhos” não pode ser aceite de animo leve por ninguém. Pode pensar-se nela, pode, um dia no Futuro, ser vista com “orgulho” – como o primeiro-ministro sugere – mas hoje doi e por isso não se vê nela qualquer vantagem. Há coisas que não se verbalizam… ainda… e hoje ainda não dá para se ver o lado bom do sofrimento… pelo menos para os não-católicos.
O primeiro-ministro, ao fim de um ano e meio de mandato, continua a ser criticado mais pelo que diz, ou como diz, do que do que faz ou como faz. Já ia sendo tempo de pedir nova assessoria de comunicação no sapatinho. Não?
Já o discurso natalicio do líder da oposição foi – na minha humilde opinião – de cortar os pulsos.
Se Passos acha que chega ao coração pela via salazarenta do elogio do nobre e sofredor povo português, já Seguro apresenta-se pela esquerda chavista a pedir a lágrima ao ouvinte, recordando e chamando à memória mais visual cada uma das misérias humanas… à venezuelana… talvez tenha faltado a banda sonora. O remate de Seguro não foi muito diferente do de Passos… vai haver Mudança, diz ele. O PS vai contribuir para a Mudança, assevera. Mas está com isso a pedir a demissão do Governo? Não. Estará a oferecer-se para um Pacto de Regime? Claro que não!.
Vai haver mudança? Claro. Como de certeza haverá dias mais prósperos e felizes… Não se sabe é quando.