Mil Carateres #13 – Publicado no Jornal da Mealhada de 11MAI22
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Construíram-se grandes expectativas em relação ao que aconteceria no 75.º dia da Invasão russa à Ucrânia, a 9 de maio, no feriado nacional em que a Rússia imperial de Putin assinalava o Dia da Vitória da Rússia sobre o Regime Nazi, em 1945. Guerra que para o Mundo é conhecida como a Segunda Guerra Mundial, mas que para os soviéticos – já nessa altura preocupados com os detalhes de consumo interno – ficou registada como a Grande Guerra Patriótica (a segunda).
Talvez houvesse a esperança de nesse dia 9 de maio – que para os Europeus é o Dia da Europa, de aniversário do discurso fundacional de uma União Económica que acabasse com as guerras, por Robert Schuman – alguma coisa acontecer e a ‘operação especial’ terminar. Mas não foi assim…
E, na verdade, já dizia Sun Tzu, há 2500 anos, mais importante e mais difícil do que começar uma guerra é terminar uma guerra. E é nesse dilema que estamos agora. Porque a última das guerras só terminará quando ambos os lados saiam vencedores. E para já… só se detetam vencidos.
Há quem defenda que um eventual ‘desaparecimento’ de Vladimir Putin poderia parar o conflito. Não me parece. Seria sempre um mártir que angariaria ainda mais seguidores.
Há quem considere que a capitulação da Ucrânia – mesmo que parcialmente – acabaria com a guerra. Também não será com a humilhação de uma das partes que o problema se resolve.
A segunda guerra mundial acontece porque os vencedores da primeira decidiram humilhar a Alemanha, e esta Terceira Guerra Patriótica Russa – como Putin lhe chamou, oficialmente – acontece porque o fim da Guerra Fria acontece com o desmantelamento e a humilhação da União Soviética.
A maturidade civilizacional que nos fazia acreditar que seria impossível uma nova guerra na Europa deve-nos, agora, mobilizar para o encontrar de uma solução racional e possível que não humilhe a Rússia – e para isso não contribui o discurso de diabolização pessoal de Putin, nem os embargos económicos que só vergam a economia dos russos pela submissão -, nem, tão pouco, a obrigue à desistência da Ucrânia, como vítima desapoiada de um mundo que há quatro meses achava que a corrida ao armamento era coisa do antigamente -.