Amadeo de Souza Cardoso (Portugal) Corpus christi

Procissão do Corpus Christi

Amadeo de Souza-Cardoso

1913

Óleo sobre tela 29cm x 50cm

O Grand Palais, em Paris, inaugurou no dia 21 de abril uma exposição dedicada a Amadeo de Souza Cardoso (1887-1918), o génio modernista português que na década de 1910 viveu na capital francesa, no explodir do modernismo, e marcou a sua época e quem o rodeou – nomeadamente Brancusi e Mondigliani.

Mas como seria de esperar numa boa história portuguesa, Souza-Cardoso morreu aos 30 anos, em Espinho, e deixou a um terço uma carreira fulgorante que poderia ter marcado a História da Arte e a Arte em Portugal.

Quis o Fado que assim fosse e não foi de outra maneira.

A exposição no Grand Palais foi inaugurada pelo primeiro-ministro português. A televisão pública e a TSF dedicaram-lhe documentários em horário nobre. E o país festejou o facto de os franceses fazerem uma exposição de um tuga.

Não se sabe se as  250 obras de Amadeo de Souza Cardoso, ou as 15 obras de outros artistas que foram próximos do criador português, como Modigliani, Constantin Brancusi e o casal Robert e Sonia Delaunay, e 52 documentos de arquivo, depois de 18 de julho vêm para Portugal. Mas alegremo-nos e exultem os nossos corações e o nosso orgulho: Ao menos os franceses verão a exposição. Aliás, melhor do que sermos nós a vê-la é os franceses elogiarem algum dos nossos.

A comissária da exposição, a historiadora de arte Helena de Freitas, garante que

«a mostra é “uma revelação, uma redescoberta” para o público internacional, recordando que hove “um conjunto de circunstâncias que levaram a que, durante largas décadas, o trabalho [de Amadeo] não tivesse sido convenientemente divulgado”», pode ler-se no Diário de Notícias.

«A presença no Grand Palais pode permitir, assim, corrigir a “injustiça” da falta de visibilidade internacional do artista português”, “uma injustiça, porque o público não pôde ver, os artistas não puderam ver este trabalho”, mas “que está a ser corrigida e tem vindo a ser corrigida”, declarou a comissária.

Helena de Freitas lembrou à Lusa que o artista “Almada Negreiros teve bem a consciência de que Amadeo era a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX”. Agora, “no século XXI”, afirma a investigadora, o desafio é retomado.

“Enquanto esteve em Paris, entre 1906-1914, Amadeo estava, de facto, no centro das vanguardas do seu tempo, relacionou-se ao lado dos artistas que hoje em dia todos conhecemos como os principais artistas das vanguardas internacionais. Amadeo estava naturalmente no centro, sem quaisquer complexos de inferioridade. Ele estava muito à vontade em Manhufe ou em Paris”, disse a comissária à agência Lusa.

A exposição mostra uma densa produção artística, ilustrando uma obra entranhada de referências ao mundo rural e ao mundo moderno, com registos cubistas, futuristas ou expressionistas, de um artista que dizia ter “tantas fases como a lua” e que foi traçando o próprio estilo sem querer integrar nenhum movimento.

Organizada pelo organismo público francês Réunion des Musées Nationaux et du Grand Palais des Champs-Élysées, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição abre ao público dia 20 e vai ficar patente no Grand Palais até 18 de julho.