Durante os 15.294 dias que perpassaram entre a Revolução dos Cravos e a próxima quarta-feira, 9 de março de 2016, o professor Aníbal Cavaco Silva ocupou funções de Estado durante 7.668 desses dias (21 anos e três dias). Na prática, 50,14% desse tempo teve Cavaco Silva como actor político, em variadíssimos papeis. A contagem é feita tomando como referência o 25 de abril de 1974… a percentagem aumenta se considerássemos o período democrático (pós 25 de novembro de 1975) ou o período constitucional (2 de abril de 1976 ou 23 de julho de 1976 – se considerarmos a aprovação da Constituição ou a Tomada de Posse do I Governo)!
Cavaco Silva foi Ministro das Finanças durante 372 dias, Primeiro-ministro durante 3.643, Presidente da República durante 3.653. Um total de 7.668 dias, como já se disse.
Nenhum outro político teve funções políticas, em Democracia, durante tanto tempo como Aníbal Cavaco Silva. Apesar de se apresentar como um académico que serviu o país em funções de soberania, e não como um político, a verdade é que o Portugal democrático é muito obra de Cavaco – por acção, por omissão – e será, certamente, uma figura que só o tempo conseguirá julgar convenientemente. Lembro-me sempre o exemplo do Marquês de Pombal – o déspota esclarecido, que os seus contemporâneos ostracizaram e que o futuro glorificou ao expoente máximo!.
Cavaco não é Soares – para o bem e para o mal, não é -, é muito mais Eanes, e por isso não vai voltar à vida política portuguesa. O Cavaquismo acabou. E já vivemos em pós-Cavaquismo. É um facto. Resta saber desde quando…
Desde que Cavaco foi obrigado a dar posse a um primeiro-ministro a quem não reconhece legitimidade? Ou só desde que foi eleito para Chefe de Estado o maior anti-Cavaco da portugalidade? Será que é desde que perdeu a intocabilidade que lhe era por todos dada? Ou desde que perdeu a guerra das escutas no gabinete contra Sócrates?
Repito a pergunta: Quando é que nasceu o pós-Cavaquismo?
A pergunta poderá interessar pouco… ou muito… ou nada… mas a partir da próxima quarta-feira, 9 de março de 2016 aquela percentagem de 50,14% vai começar a descer… e continua a escrever-se um novo capítulo da História de Portugal… que eu ainda não sei quando começou…