Há dias em que tenho saudades de ser jornalista. Não que goste mais do jornalismo do que daquilo que faço hoje. Mas lembro-me com saudade da adrenalina, da dificuldade de tomar decisões difíceis, sabendo que aquele título se for assim escrito vai chatear estes, mas de não for escrito assim vai chatear os outros todos. Saudades de saber as noticias em primeira mão, de ter acesso aos pontos de vista pela boca do protagonismo, de poder saber sem precisar de uma desculpa para perguntar, de conhecer o Lado B e o Lado C de uma mesma história.
E saudades de olhar para a página impressa com orgulho. Saudades de imaginar os leitores em casa à quarta-feira a noite a folhearem o jornal em casa, no sofá. Ou dos politicos irritados ao fim da manhã a chamarem-me nomes. E até dos telefonemas de quarta-feira ao almoço a ouvir raspanetes, ralhetes e até ameaças.
Confesso que tenho saudades.