Sutil, quizás
Tan real como una fragancia
Un brevísimo lapso de estado de gracia
‘Eco’ de Jorge Drexler – AQUI –
Prefácio: Este artigo sabe melhor se for lido ao som da música de Zeca Afonso: ‘A Década de Salomé’. Acessível AQUI… Não se consegue? Azar dos Távoras!
Estamos na véspera de mais um Grande Confinamento. O Parlamento votou hoje o Estado de Emergência, o IX, que se sabe será operacionalizado com novo Confinamento Total. Dizem que confinamento igual ao de Março-Abril de 2020.
Vamos voltar todos para casa? Azar dos Távoras!
Alguns dos partidos que chumbaram restrições menos pesadas em Estados de Confinamento e de Emergência anteriores, hoje votaram a favor. O CDS e o PAN e a deputada Cristina Rodrigues que garantiam que as medidas que havia eram demasiadas… agora acham que devemos ir todos para casa.
Não se compreende? Azar dos Távoras!
Desde o dia 7 de janeiro que o número de mortos está acima dos cem e, com a excepção do fim-de-semana, sempre crescente. O recorde de hoje foi de 156 óbitos. Centena e meia de mortos num dia não é suficiente para Bloco de Esquerda, PCP, PEV, Chega, Iniciativa Liberal e Joacine Moreira acharem que é preciso tomar medidas drásticas.
Não se compreende? Azar dos Távoras!
Diz-se que vai ser Confinamento Geral como o de Março-Abril… Mas sabe-se que não há consenso sobre se as escolas devem fechar ou não. E isso, convenhamos, faz toda a diferença… O chefe do Governo diz que os cientistas não se entendem, e o Ministro da Educação diz que se fecharem não é com o seu acordo.
A bazuca para acabar com o vírus é só fofinha? Azar dos Távoras!
Confiemos e confinemos. Não há muito a fazer. Os portugueses terão de aceitar e cumprir.
Não apetece? Azar dos Távoras!
Amanhã veremos o que é o velho Novo Confinamento!
Azar dos Távoras é uma expressão portuguesa, que nos dias de hoje é comumente preterida face a outras, idênticas, como “Temos Pena!”, “Azar à prima” ou simplesmente “Azar!”. Mas é uma expressão portuguesíssima, riquíssima e com base histórica. Precisamente no dia 13 de janeiro de 1759, há 262 anos, a família dos Marqueses de Távora e o Duque de Aveiro foi executada por ter sido alegadamente responsável por uma tentativa de assassinato ao Rei Dom José I. A história e a própria sucessora do rei – a rainha Dona Maria I – viriam a dar conta de que os Távoras foram o alvo fácil, alguém que estava ali à mão, para arcar com a culpa e permitir ao Marquês de Pombal arredar algumas pessoas que lhe eram hostis, na velha aristocracia e na Igreja – nomeadamente Malagrida e os Jesuítas. Tiveram Azar, terá ditado a História. O Azar dos Távoras!
[2458.] ao #15269.º