Para António Costa a tática política para as decisões difíceis é libertar, estrategicamente, o assunto que se quer ver testado e depois procurar perceber como reagem os eventuais destinatários. Se aceitam, se contestam, se são contra e depois mudam de opinião, se se resignam, se agudizam posturas. Depois, fazem-se as contas e tomam-se as medidas e está tudo conformado. Ou não se tomam e o Governo não se compromete. Voltou a ser assim com o novo Grande Confinamento, edição de 2021, ‘A Sequela’.

Ontem o ministro da Economia tocou ‘ao de leve’ no tema, com a opinião pública chocada por novos recordes nos novos infetados e nos mortos. Hoje o Público mete a coisa em subtítulo discreto em capa de parangona. E já não se fala de outra coisa. E já está tudo conformado. Os líderes partidários estão a fazer filhinha à porta de São Bento, mas já ninguém contesta. A dúvida é se as escolas fecham ou não fecham. Voltaremos ao Grande Confinamento.

 

304 dias de pandemia, 296 dias depois de ser de um Portugal confinado, à lareira, com preocupação severa no trabalho e numa (ou em mais uma) semana penosa de sobressalto, entre o cheiro do eucalipto, o crepitar do pinho e a quentura da oliveira, dei por mim a pensar e a pensar nos meus mais de trezentos dias de histórica vida em pandemia. Aguardo que cheguem cá a casa o “Frente ao Contágio”, do Paolo Giordano, e o “Este Vírus Que Nos Enlouquece”, do Bernard-Henri Lévy, enquanto releio, de Tolentino, “O que é Amar um País”, para depois ir à Biblioteca Municipal da Mealhada requisitar o “Contágios – 2500 Anos de Pestes”. E no fim disto tudo vou queixar-me da oportunidade literária perdida que promovi, ao não registar em diário ou em blogue os principais momentos dos dias deste “Inverno do nosso confinamento”.   

[2454.] ao #15265.º