Marcelo conhece bem os meandros do poder e conhece a República-regime como poucos. Foi um dos mais influentes jornalistas portugueses e dos mais ouvidos comentadores políticos. Guru de Rangel, sabia que ‘um canal de televisão consegue eleger um Presidente da República’. Amigo de Balsemão conhece o poder de um comentário. Inimigo de Santana sabe o poder do Poder e da mordaça. Afilhado de Caetano e filho de Baltazar sabe que o poder da Palavra é sempre mais forte que a Força da Sabedoria ou que a Beleza romântica das convicções impopulares.
Marcelo é a Velha Raposa da vichyssoise. É o filho de Deus que lhe deu a esperteza e do Diabo, que lhe deu a maldade.
Em dia de ‘Inauguração’, e de orações pela Paz e pelo novo Presidente, rezemos para que o ‘Primeiro entre todos’ não morra como a Lira, que fenece com as mesmas armas com que mata. Bem ilustrável neste espetacular quadro de Barahona Possollo (o retratista de Cavaco por cujo trabalho me apaixonei):
Mostra-nos a República triunfal e tranquila a olhar o futuro… mas ladeada pela verde Inveja (à esquerda) e pela Calúnia mordaz (à direita).
Uma bela imagem para Marcelo ter debaixo de olho, no primeiro dia do resto da sua vida!