Hoje é/foi Dia Internacional do Obrigado. Uma efeméride que procura concretizar a oportunidade de nada, nem ninguém, deixar de demonstrar a sua gratidão por algo ou por alguém. Uma vez mais, com grande energia e sentido de entrega, a data foi comemorada na EPVL com os alunos a oferecerem – a quem entendessem dever fazê-lo – uma pulseira com a palavra ‘obrigado’. Uma forma de sublinharem a gratidão que sentem pelo próximo.

A este propósito, uns dias antes, a Dr.ª Lina Pereira – professora da EPVL – falou-me de um texto que eu não conhecia e de uma curiosidade interessantíssima. O texto em causa é o ‘Tratado da Gratidão’, de São Tomás de Aquino, e consta da sua obra “Suma Teológica”.

Diz, então, o santo padroeiro dos filósofos, que a gratidão se divide em três níveis distintos.

“O primeiro consiste em reconhecer o benefício recebido, obter uma graça, aceitar um favor.

O segundo consiste em louvar e em dar graças àquele que nos deu algo gratuito, em troca de nada.

O terceiro grau é a retribuição, de acordo com as suas possibilidades, segundo as circunstâncias mais oportunas de tempo e lugar.” O vínculo que se estabelece e permanecerá como ‘obrigação’.

Ou seja, cada língua – enquanto forma identitária de um povo – expressa gratidão em diferentes níveis relativos. Em inglês “to thank” e em alemão “zu danken” a gratidão é feita na primeira dimensão, ou seja, no mero reconhecimento do benefício.

A forma latina “graças” presente no italiano e no espanhol, de forma evidente, mas também no francês, com o “merci” pode ser considerada uma segunda dimensão, a de dar graças.

Já a formulação de gratidão na língua portuguesa é a única a situar-se, claramente, no terceiro nível, o mais profundo da gratidão: o do vínculo (ob-ligatus), o dever de retribuir.