Era inevitável que a campanha eleitoral que agora (e finalmente) termina fosse marcada pela questão dos emigrantes qualificados que abandonaram o país e foram trabalhar lá para fora. Muito se falou no assunto… Tanto se falou no assunto que a sensação que ficou foi que nós, os que ficámos, não valemos nada, porque os bons foram todos embora.
Foi-se embora muita gente. Muita gente boa. Mas caramba, os que ficaram não são o refugo de coisa nenhuma. E também ficou muito cérebro, muita inteligência, muita massa critica, muita coragem, muita resiliência, muita resistência.
A minha geração, a geração dos que foram, já aqui o disse algures, foi ensinada a pensar que ir para o estrangeiro – estudar e trabalhar – era bom, era positivo. Somos a primeira geração europeia, como se dizia há uns anos. Somos os putos do Inter-rail e do Erasmus… somos os mochileiros que falam três línguas fluentemente.
Para a minha geração, viajar é natural. Para a minha geração, estudar ou trabalhar no estrangeiro não é mau, é bom, é muito bom.
Nos últimos quatro anos o discurso da ‘fuga dos bons’ contraria tudo o que foi dito e ensinado na década anterior. Afinal é mau, afinal é êxodo, é fuga, é medo, é triste… Já se percebeu que muito dos que foram – e que foram educados a ir sempre que pudessem – não foram (na maior parte dos casos) porque estivessem desempregados, mas porque queriam ganhar mais. Já se percebeu que muitos dos que foram estão bem e a trabalhar em condições boas e que vão voltar e trazer o know-how do que estão agora a fazer.
Mas, caramba, os que ficaram também não são nenhuma m€r*a…