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A mecânica quântica aplicada às eleições democráticas remete-nos para o chamado Principio de Heisenberg. Passo a explicar – nunca aprendi mecânica quântica – segundo este principio, a própria observação e os meios usados para a referida observação, influenciam o resultado.
Ou seja, e aplicando o principio às eleições democráticas: As sondagens, mais do que aferir de que modo está o eleitorado a percepcionar a campanha, são, elas próprias, uma poderosíssima forma de campanha e de condicionamento do resultado eleitoral direto e real.
Porquê? Por uma série de razões. Destaco duas:
Em primeiro lugar, os candidatos mudam o seu comportamento, a sua campanha e as suas declarações face ao resultado das sondagens;
Em segundo lugar, os eleitores também são condicionados pelas sondagens. Se os motivar que um determinado partido seja derrotado, uma sondagem em que ele corre o risco de ganhar, vai votar no principal adversário. Se não houver esse risco o eleitor nem sequer vai votar… ou vota num partido que o divirta, como diria Belloso, um partido da “feel-good ideology“.
Em suma, o Principio de Heisenberg explica porque razão as sondagens no Reino Unido, em maio, e na Grécia até ontem davam um empate nas eleições legislativas e no dia das eleições os partidos que estavam no poder conseguiram reforçar a sua maioria.
Na prática, as sondagens podem ser meios interessantes de análise política até serem elas próprias condicionantes do analisado. E provavelmente as sondagens não conseguem sondar as influência de si próprias no resultado.
Com as principais cadeias informativas a fazer sondagens diárias a partir de hoje, o voto útil e o bipartidarismo vai acentuar-se… e este empate sondadístico só acontecerá até ao momento em que cada eleitor colocar o seu voto na urna, tendo na cabeça o que era o resultado da ultima sondagem que leu até ali chegar…