jornal 407 2 a 9

Fui diretor do Jornal da Mealhada durante oito anos (de janeiro de 2005 a dezembro de 2013). O Jornal da Mealhada foi, durante esse tempo, a minha vida. Quando me tornei diretor, o JM já tinha 20 anos. Numa determinada altura, em 2009, numa fase em que o JM já estava numa fase economicamente vulnerável, entendemos que havia que dar um passo em frente. Em Maio criámos a Revista Via e o Jornal FRONTAL (número zero em 27 de maio de 2009).

A ideia de editar um novo jornal, o FRONTAL, acabou, então, por cumprir dois objectivos – o primeiro foi o de, aproveitando a estrutura do JM, criar uma oferta jornalistica para duas áreas territoriais (Mortágua e Penacova) que tinham uma absoluta carência (até democrática) de informação jornalística local; o segundo objectivo acabava por ser a de encontrar uma forma de financiamento da empresa, aumentando a oferta (e produtividade) com a mesma máquina e praticamente os mesmos custos.

O FRONTAL nasce, então, de uma ideia minha, apoiada pelo meu sócio Bruno Peres, apoiada pela Dona Isabel e pela Mónica Sofia Lopes (que numa primeira fase duvidaram das vantagens da ideia e só mais tardiamente se entregaram ao desafio). Ou seja, se do JM eu fui apenas um legatário, do FRONTAL – sem ponta de humildade – eu assumo que fui a mãe. Fazia, escrevia, ia buscar à gráfica e durante mais de dois anos, cinquenta e sete números, andei pelas serranias de Pencova e Mortágua a distribuir o jornal pelos cafés, nas casas dos assinantes, pelos locais onde durante esse tempo as pessoas se habituaram a encontrar este jornal gratuito

Ontem, 1 de setembro, o jornal FRONTAL, entretanto por mim doado à Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, volta a ver a luz do dia, a edição 58.ª, numa edição especial, acima de tudo para garantir a continuidade do título.

Para a mãe, eu, não é menos do que uma emoção vivificante, reconfortante e quase solene,

 

Ora viva!

De modo informal, quase familiar, apresentamo-nos e saudamos todos os que, nesta ocasião, têm nas suas mãos o número zero — uma edição experimental — do jornal FRONTAL. Será deste modo, olhos-nos-olhos, com simpatia, apreço e espírito de serviço ao desenvolvimento e à valorização dos lugares e das populações dos municípios de Mortágua e de Penacova, que procuraremos dar dinâmica a um projecto que agora dá os primeiros passos.
O FRONTAL é um jornal que se apresentará quinzenalmente aos seus leitores. Começará por ter uma distribuição gratuita, mas transitará, gradualmente, com o tempo, para um sistema de assinaturas e de venda ao público em quiosques, papelarias, etc. Queremos chegar a todos os que queiram saber noticias especialmente relacionadas com as comunidades dos municípios de Penacova e de Mortágua e da região envolvente. Para isso, e de modo muito especial — porque sabemos o que isso significa para eles—, queremos chegar às comunidades de mortaguenses e penacovenses no estrangeiro, levando-lhes, de certa maneira, novo alento para as dificuldades que a distância de casa lhes traz.
O FRONTAL é um jornal que faz parte de um grupo editorial com 25 anos, e com várias títulos. Os seus promotores conhecem as características e os problemas do jornalismo regional na actualidade. Apesar das dificuldades que todos conhecem, não houve resignação nem medo em avançar com este projecto, que não deixa de ser arriscado.
O FRONTAL é um jornal de notícias locais, com espaço de opinião, de cultura, de divulgação histórica e científica, entre outras. Os que o dirigem, e que serão responsáveis pela sua linha editorial, procurarão oferecer um produto o mais diversificado e o mais atraente possível. Mas para isso precisam dos leitores. Precisamos da sua opinião, da sua crítica, das suas chamadas de atenção, das suas informações.
Portugal atravessa, na actualidade, um tempo de nascimento de formas muito variadas de intervenção cívica. Colaborar com a edição de um jornal regional — que acaba por ser (para já) um meio mais abrangente do que as outras tecnologias da informação — é também uma forma de intervenção em prole da sua comunidade e dos outros.
Esperamos que nos dê a sua opinião sobre o número zero do FRONTAL. Com ela, poderemos ir mais fácil e rapidamente ao seu encontro. Esse é, de facto, o nosso objectivo. Levar aos habitantes dos concelhos de Mortágua e de Penacova, de olhos-nos-olhos, e de modo responsável, as boas e as más noticias das comunidades maravilhosas e riquíssimas que nos seus territórios estão instaladas.
Coragem e Frontalidade são características que a História e a Tradição atribuem a mortaguenses e penacovenses, e que este jornal quer assumir e valorizar!

Editorial do número zero do FRONTAL de 27.05.2009