Ontem fomos ao cinema. Já não iamos ao cinema há um tempo. Não sendo uma epoca especialmente interessante, entre ver o Ben Kingsley a fazer pela enésima vez o papel de mau árabe e vermos a mais recente obra de João Botelho, “Os Maias – Cenas de uma Vida Romântica”, optámos por consumir português.
Um erro. E uma pena. O filme (se pode chamar-se aquilo um filme) é medonho. Uma coisa que seria aceitável por um grupo de alunos de uma escola que quisesse dramatizar ‘Os Maias’, mas uma merda para um realizador com a fama do João Botelho e para uma coisa financiada pelo Ministério da Cultura através do Instituto do Cinema e do Audiovisual.
O argumento é linear. Corta e cola. Pegamos nas cenas mais importantes das sebentas e reproduzimo-las… num plano fixo e unico, com a parte inicial a preto e branco e sem ritmo. Fez-me lembrar o ‘Pai Tirano’ e a dictomia entre o cinema e o teatro…
Os actores limitaram-se a dramatizar como se esivessem num palco de teatro, nem uma pequena curiosidadezinha inteligente. Nada. Zero. Um Damaso Salcede desinteressante… um Eusebiozinho inócuo… um Cohen ou um Gouvarinho abjetos… Uma obra de latrina…
Então o pormenor dos cenários foi de uma infelicidade pasmosa, como se não fosse mais barato fazer cenas reais… como se não fosse possivel evitarmos ver as costuras dos cenários, ou as dobras de uma tela mal esticada. Pavoroso!
Valeu a interpretação do ator Pedro Inês, que fez um interessantíssimo ‘João da Ega’, e do ator Pedro Lacerda, que mostrou um curioso ‘Alencar’. O ator Graciano Dias, que fez de ‘Carlos Eduardo da Maia’, acabou por ser sofrível, no meio de tanta caca…
Com cinema português assim… não vale a pena gastar dinheiro. ‘A Gaiola Dourada’ não deixou lições.