Há uma antiga praxe de Coimbra que leva os caloiros junto do Monumento a Camões, junto do exemplar do Panthera Leo que lá está a rugir, na base, e lhes é pedido que digam, comprovando cientificamente se o exemplar é um macho ou uma fêmea. O caloiro é incentivado a aproximar-se do animal e procurar o órgão reprodutor masculino. Não o encontrará e dirá que se trata de uma fêmea. Naturalmente, e porque tem juba, o doutor dir-lhe-á que se trata de um macho e que a cena de ridicula apalpação seria despropositada.
O César é teimoso. Certo dia, em conversa solta, comentei que o Monumento a Camões já teve mais sitios na cidade do que importância para os coimbrinhas… Hoje (diga-se em abono da verdade) ocupa lugar proeminente na Avenida Sá da Bandeira, quase em frente ao Centro Comercial Avenida, mas também já esteve escondido na Rua do Arco da Traição, ao lado do Instituto Universitário Justiça e Paz, sem que ninguém desse por ele. Dizia eu ao César que o lugar originário do monumento foi no chamado largo das Mamonas, onde hoje se situa a Faculdade de Letras. No estilo que lhe é peculiar, o César chamou-me de burro, que tal coisa nunca teria acontecido e que eu estava a “espetar a tanga”.
Passaram-se alguns meses quando, na Feira do Livro de Coimbra encontrei um livro chamado “Coimbra Antiga”, telefonei ao César com ar de quem precisa de ser socorrido e ele, solicito, veio à Praça da República. Chamei-o junto do livro, mostrei-lhe quem era o burro, e fomos beber uma cerveja ao Cartola. A foto é esta.