Legislativas 2011: Preparados?

A marcação de eleições legislativas, dezassete meses depois da tomada de posse do XVIII Governo Constitucional, não causou estupefação a ninguém. O segundo governo de José Sócrates nasceu minoritário, os partidos da oposição não o quiseram apoiar “mesmo enquanto esteve na incubadora”, e o resultado levou a que o executivo não chegasse sequer a meio.
No dia 31 de março, depois de cumpridas as formalidades constitucionais – com uma lentidão que não se compreende, diga-se de passagem – o Chefe do Estado marcou eleições para o dia 5 de junho.
Desde esse dia do anúncio da data das eleições legislativas que se têm somado os apelos para que o próximo governo seja abrangente e maioritário. Compreendem-se os apelos à moderação verborraica durante a campanha eleitoral – que desde segunda-feira é acompanhada pela comitiva do FMI e do FEEF –, compreendem-se os apelos para que os partidos políticos com representação parlamentar se congreguem na negociação com os senhores da “ajuda externa”, que tem prazos que não se compadecem com a realização do ato eleitoral… O que não se compreendem são os apelos para que o próximo governo seja abrangente e maioritário.
Em primeiro lugar porque se for abrangente (com representação de várias sensibilidades) dificilmente será maioritário (de um partido) e vice-versa. Mas o que é impossível de compreender é que se sugira aos portugueses em quem, ou de que forma devem votar! O resultado eleitoral será o que o povo ditar. E os eleitores escolherão um partido político, em cada círculo eleitoral, e não um governo ou se um governo com maioria ou sem maioria. Os apelos à formação de um executivo maioritário e/ou abrangente devem surgir depois das eleições.
Mas a verdade é que desde o dia 23 de março – dia em que Sócrates anunciou que pedira a demissão ao Presidente – que os partidos políticos já estão a organizar-se para ir a eleições. E as movimentações são importantes e interessantes de seguir.
No distrito de Aveiro, foi o Bloco de Esquerda o primeiro a anunciar a recandidatura de Pedro Filipe Soares, como cabeça-de-lista do círculo. A lista do BE já é conhecida, e não tem candidatos do concelho da Mealhada. Figura em 9.º lugar o nome de Ana Luzia Cruz com a indicação Anadia/Mealhada. Lembramos que nas eleições de 2009, o BE elegeu Pedro Filipe Soares.
Paulo Portas é o cabeça de lista do CDS por Aveiro. A decisão foi tomada na segunda-feira e não é ainda conhecida o resto da lista. O líder dos centristas sempre foi candidato por este distrito, tendo-se candidatado pela primeira vez em 1995. O CDS em 2009 elegeu dois deputados.
O PCP não elege um deputado por Aveiro desde os tempos de Zita Seabra, na década de oitenta. A organização regional do partido reuniu no passado sábado e anunciou que anunciaria a lista pelo distrito em 19 de abril, próxima terça-feira. Em 2009 o cabeça-de-lista foi Miguel Viegas.
De acompanhar será, também, a campanha e a candidatura do Movimento Esperança Portugal que em 2009 candidatou Ângelo Ferreira, sem sucesso, no entanto.
As candidaturas do PSD e do PS serão, certamente, as mais interessantes de seguir e é possível que o concelho da Mealhada tenha dois candidatos a deputados nos primeiros lugares das listas dos dois maiores partidos.
No PS, o nome da indicação do secretariado só será divulgado na próxima sexta-feira. A lista será conhecida depois disso e o nome mais falado é o de uma militante com responsabilidades distritais no PS e na concelhia mais socialista do distrito. Não conseguimos confirmar, mas temos a informação de que o nome da indicação mealhadense poderá figurar entre o 7.º e o 10.º lugar da lista dos socialistas. Em 2009, o PS – encabeçado por Maria de Belém Roseira – elegeu seis deputados.
Já no PSD, a lista definitiva será conhecida até ao final da semana. Bruno Coimbra, presidente da Regional da JSD e secretário-geral nacional da JSD, ao que tudo indica, figurará na lista do candidatos elegíveis – em 2009 o PSD, com Couto dos Santos à cabeça, elegeu sete deputados. O lusense foi indicado pela JSD e pela concelhia da Mealhada e dificilmente deixará de ser eleito, podendo tornar-se o quinto mealhadense a sentar-se em São Bento depois do 25 de abril de 1974.

Editorial do Jornal da Mealhada de 13 de abril de 2011

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