Viu-se que CU de Sócrates não serve para coisa nenhuma

Começou por chamar-se Cartão Único, mas cedo se percebeu que a sigla ia dar raia… Lá decidiram que o melhor era chamar-se Cartão do Cidadão, mantendo-se o pressuposto de ser um único cartão perante toda a administração pública portuguesa.

Para um português, um ‘bilhete de identidade’ é algo de fundamental. Para ingleses, por exemplo, é um disparate, um desperdicio – como se concluiu do debate político que o Governo de Sua Majestade promoveu há relativamente pouco tempo. Num país de burocratas – em que há cartões para tudo e para mais alguma coisa, e no qual até para um grupo recreativo é preciso fazer cartões – é coisa relevante.

A ideia de unificar, então, não seria disparatada.

Na consequência de ter mudado de estado civil, precisei de alterar a minha documentação – nomeadamente no âmbito do registo civil. Fui tirar – pese embora tardiamente – o Cartão do Cidadão. Fiz os proformas todos – com fotografias sem sorrisos, impressões digitais, assinatura digital e etc. Quando foi a altura de deitar para o lixo os cartões todos, entreguei o Bilhete de Identidade, o Cartão de Saúde… e fiquei com o Cartão de Eleitor na mão. Ainda insisti com a funcionária para lho entregar, eis senão quando sou informado que o Cartão de Eleitor não é substituído pelo Cartão do Cidadão.

Fiquei muito admirado.
Por ser o cartão que um cidadão menos usa – de quando em vez, por breves segundos, e para certificar, apenas, um número – achava eu, que seria logo o primeiro a ‘abater’. Mas não. O Cartão do Cidadão não tem número de Eleitor.

Não deixa de ser curioso que para fazer CC tenhamos de registar uma morada completa – o que obriga a que uma pessoa (um estudante numa outra cidade, por exemplo) tenha de ir ao Registo Civil cada vez que muda de casa – mas não tem o registo do número de eleitor. Ou seja, é uma palermice!
Palermice essa, agravada pelo facto de, com a mudança de morada, ser o próprio sistema a mudar o local do recenseamento eleitoral. O sistema muda-nos o local de voto, em função do código postal da nossa morada, mas não nos indica no cartão – nem sequer nos informa, por carta, posteriormente – do nosso número de eleitor. Ou seja é uma barbaridade!

Aquilo que aconteceu no domingo, e que impediu que pessoas que queriam votar não o tenham podido fazer, é um escândalo. É certo que as pessoas foram avisadas (até na carta que recebem com os códigos de ativação do cartão) que pode ter acontecido terem mudado de local de voto – o sistema manda-as mandar uma SMS ou ir à net -, mas o bloqueio do sistema é coisinha de amadores.

No domingo lá fui votar… sem problemas… na freguesia de sempre… com o cartão do cidadão, que não tem o meu número de eleitor, e com o cartão de eleitor que não tem qualquer elemento que me identifique…

Quando fui ao Registo Civil da Mealhada para ativar o CC pedi à senhora para me colocar no chip a informação do meu número de eleitor… mas também já percebi que não serve de nada, porque não há na administração eleitoral lado nenhum onde me possam ler o chip… Ou seja, ficamos na mesma!

Já se viu que CU – leia-se Cartão Único – do Sócrates não serve para coisa nenhuma. Tem um chip que não dá para ler em lado nenhum, não nos susbstitui o único cartão que precisava de ser banido… e lendo o novo e simplex documento se percebe que não tem Naturalidade, não tem indicação da Morada (nem sequer freguesia-concelho), não tem Estado Civil… não tem ponta por onde se lhe pegue!

Modernices de um novo-riquismo absurdo!
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