Mealhada, 7 de Outubro de 1910
«Eram dezassete horas do dia 7 de Outubro de 1910 [56 horas depois de proclamada na varanda da Câmara Municipal de Lisboa] quando na ‘sala das sessões dos Paços do Concelho’ se apresentou a Comissão Republicana constituída por Manuel Ruivo de Figueiredo que era seu presidente, José Ferreira de Carvalho, Adriano Cerveira Baptista, Joaquim da Cruz e Evaristo de Souza. O presidente desta Comissão Republicana faz uma alocução aos republicanos presentes dos quais se conhecem os nomes de cinquenta e quatro que, porque sabiam ler e escrever, assinaram o respectivo nome numa declaração de apoio ao ‘Governo legal constituído em Portugal desde cinco d’Outubro que é Republicano. Com o aplauso dos presentes, Manuel Ruivo de Figueiredo hasteou a bandeira da República. Recorde-se que nessa altura a bandeira verde rubra ainda não era a bandeira de Portugal, tendo como principal diferença, para além do ‘escudo’, a colocação do vermelho junto à haste e o verde para o exterior, como no 31 de Janeiro de 1891.»
Declaração de apoio de municipes do concelho da Mealhada ao ‘Governo legal constituído em Portugal desde cinco d’Outubro que é Republicano’
«Manuel Ruivo de Figueiredo, José Ferreira de Carvalho, Adriano Cerveira Baptista, Joaquim da Cruz, Evaristo de Souza, Manuel Rosal, Augusto Figueiredo (lente do Instituto de Agronomia), António Augusto da Costa Simões Canova, Manuel Duarte da Pega (advogado), António Ferreira da Costa (professor), António Simões Bispo, António Cerveira, Joaquim Pereira dos Santos, Augusto Lopes d’Andrade, Jeronymo Marques dos Santos, Alexandre Casimiro, Pedro Jacintho, Manuel da Cruz, Romão Rodrigues dos Santos, Luiz Duarte dos Santos, Adelino Augusto Paiva, António Felix Machado, Maximiniano da Conceição, José Lopes Lourenço, José Augusto Neves Pedrosa, Adelino Augusto Cerveira, António d’Azevedo Pinho (major), Annibal Souza, Affonso Guedes Gouveia, Bernardo Nogueira de Seabra, António José Baptista, Eduardo Augusto Moraes (professor), Frutuoso Rodrigues Breda (recebedor do concelho), Annibal da Costa Alemão (escrivão da Fazenda), Manuel Rodrigues Breda de Melo, Abílio Dias dos Santos (amanuense da Câmara), Francisco Fernandes Russo, Augusto Simões d’Abreu [último presidente da Câmara Municipal da Mealhada na Monarquia, foi eleito nas eleições de 01.11.1908] , Guilherme Ignácio da Costa Baptista, Eugénio d’Oliveira Couceiro, Luiz Pinto de Miranda, Luiz Alves da Cunha (chefe da Estação do Telegrapho postal), Manuel Rodrigues Pinto (aspirante da Fazenda), Francisco Joaquim Varella, Joaquim Francisco de Mello (amanuense da Administração), José Iria Pereira d’Oliveira, Basilio Filippe da Silva, José da Costa Pereira, Joaquim Ferreira, Joaquim Gomes, Alberto Lopes dos Santos, Joaquim Christina Neves (2.º guarda-fios na Mealhada) e António Maria dos Santos (2.º guarda-fios na Mealhada).»
Carlos Cabral
in Pampilhosa Uma Terra e Um Povo, Revista do GEDEPA, n.º 16 – Julho de 1997, pp.71 ss.