O Verão dura até Setembro…

É uma pena que o Carnaval de Verão na Mealhada, no passado domingo, 11 de Julho, não tenha merecido a adesão do público e, lamentavelmente, a presença de grande parte dos que, em Fevereiro, desfilam no corso no sambódromo Luís Marques. Dizemo-lo, porque consideramos que a ideia tem mérito, tinha justificação e, aparentemente, deveria ter tido adesão. Assim não foi, interessa pois avaliar as razões para que tal não tenha acontecido.


Somos dos que consideram o Carnaval como um espectáculo completo. Trabalhamos para que o evento possa considerar-se, e seja realmente, como a mais grandiosa e qualificada oferta cultural do concelho da Mealhada. Para isso, e por isso, organizamos o Concurso de Escolas de Samba. Por isso e para isso sentimos que temos a obrigação de incentivar a avaliação de tudo o que – tendo impacto público – possa estar relacionado com o Carnaval Luso-brasileiro da Bairrada. Temos de reconhecer que se o que o publico vê for bom – seja quando for –, então, isso é positivo para o Carnaval na Mealhada.
O espectáculo não começou a horas. Fez-se tempo para que chegasse mais gente… mas não começou a horas e isso é, neste ano especialmente, relevante. Houve a tentativa de homenagear os fundadores do Carnaval Luso-brasileiro, há 40 anos. Não resultou. Os fundadores não aderiram e a forma encontrada – associada, talvez, ao medo de esquecer alguém – mostrou-se fracassada. Em 2008, a alegoria dos “30 anos de Carnaval”, e a imagem de alguns dos fundadores impressa em vinil, revelou-se muito melhor.
As escolas – genericamente – não se conseguiram mobilizar. Algumas nem sequer conseguiram ter figurantes para que desfilassem todas as alas que integravam o enredo apresentado em Fevereiro. Acreditamos que esse – a sazonalidade da mobilização – possa ser um problema das escolas mealhadenses, mas os seus dirigentes deveriam ter consciência disso. Algumas escolas – da Mealhada e não só – apresentaram um espectáculo paupérrimo que, infelizmente, não dignifica o carnaval luso-brasileiro. Se o nosso corpo de jurados tivesse sido convovado, certamente, atribuiria muitas notas cinco – o mínimo previsto no regulamento (que pode ser consultado no nosso sitio na internet – e algumas notas zero.
Houve aspectos positivos, o espectáculo proporcionado pelo grupo de Válega, em estilo “parada musical Disney”, pode ser inspirador – porque enriquece o espectáculo e e faz diminuir a dependência das escolas de samba.
Fará sentido repensar o conceito de Carnaval de Verão, sem o abandonar totalmente, pensando que em Setembro – quando há o Festival de Samba que já é evento enraízado – também é Verão. Valerá a pena arriscar, novamente. Assim pensamos.

Opinião de Nuno Castela Canilho (Director do Jornal da Mealhada),
in Jornal da Mealhada de 14 de Julho