A Câmara Municipal de Mortágua patrocinou a edição de uma publicação do Professor Joaquim Romero de Magalhães sobre Manuel Ferreira Martins e Abreu (15.12.1861 – 07.02.1944), com o sub-título «Os Combates do Cidadão».

Se Mortágua é terra mais republicana de Portugal, Manuel Ferreira Martins e Abreu é uma das personalidades que contribuiu para o epíteto.

Eu não conhecia a personalidade – e em verdade reconheço que ainda não li o livro completamente. Com o ensaio que dá título à publicação do professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, consegui apreender informações importantes acerca da Mortágua do final do século XIX, e acerca de um homem de génio, um homem de convicções, resistência e coragem que nos dias de hoje seria apelidado de ‘chatinho’.

Depois de uma fase em que os debates políticos encerravam com duelos ao nascer-do-sol, passou-se para a política da paulada. Manuel Ferreira Martins e Abreu poderá ter sido um dos últimos resistentes de uma forma de estar na ‘civitas’ que não se coadnuaria com ouvir e calar, ou ter medo de ‘chamar os bois pelos nomes’.

Está de parabéns o Professor Joaquim Romero de Magalhães por, entre grandes republicanos de Mortágua – ou da Beira Alta -, ter decidido investigar sobre o menos conhecido e ter ido além do óbvio – como seria Thomaz da Fonseca, Augusto Simões ou Lopes de Oliveira. Está de parabéns a Câmara de Mortágua por ter editado este livro, por ter organizado a exposição «Sentir a Terra: Mortágua Republicana», que ainda não visitei (e que tem este belíssimo cartaz).


Não posso deixar de salientar, nesta altura, a existência do blogue ‘República em Mortágua’ – em http://republicamortagua.blogspot.com/ – do Agrupamento de Escolas de Mortágua que é um extraordinário instrumento de pedagógico ao serviço de uma comemoração relevante do centenário da implantação da República em Portugal.

Com estas iniciativas, e com outras que certamente terão lugar, não se perdeu, em Mortágua, optima oportunidade de celebrar a República e da pensar convenientemente, aceitando-a como um legado do passado – até da história local, como se reconhecerá -, mas, acima de tudo, assumindo-a como um testemunho para o futuro!