Estórias do dia em que Ratzinger almoçou no Bussaco
Texto de Aura Miguel, jornalista da Rádio Renascença e vaticanista, na introdução do livro “As razões de Bento XVI”, e reproduzida no sitio da Rádio Renascença AQUI. Aqui a jornalista narra o encontro que teve com o Cardeal Joseph Ratzinger no Palace Hotel do Bussaco, em 14 de Outubro de 1996.
«(…) Desta sua visita a Portugal tenho ainda outro episódio para contar. O Padre Luís Kondor, grande entusiasta e apóstolo de Fátima e amigo pessoal do cardeal Raztinger, juntou-se à pequena comitiva [que acompanhava o Cardeal Ratzinger na sua viagem a Portugal]. Como sempre acontecia quando um cardeal vinha a Fátima, o Pe. Kondor organizava uma ida ao Carmelo de Coimbra, para um encontro com a Irmã Lúcia. Foi o que aconteceu também com o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
No dia 14 de Outubro [de 1996] lá foram todos para Coimbra; e eu também, como jornalista, claro. Quando saíram do Carmelo, a visita a Coimbra incluía também uma breve passagem pela Biblioteca da Universidade. Foi então que, antes de entrar para o carro, o Pe. Kondor veio ter comigo e convidou-me para almoçar com eles nesse dia, no hotel do Buçaco.
Foi inesquecível. Éramos dez pessoas, sentadas à volta de uma mesa redonda. Ratzinger, sempre bem disposto, observava mais do que falava. Monsenhor Clemens, na altura seu secretário, gostava de fazer-nos rir com as suas histórias e o próprio cardeal também alinhou na conversa com uma anedota hilariante que envolvia um católico, um judeu e um muçulmano que chegavam ao céu e falavam com São Pedro… Ainda hoje me arrependo por não ter escrito a divertida história contada pelo “guardião da fé”.
Comeu pouco e não repetiu. Não me lembro se bebeu vinho. O que reparei, sim, foi nos doces que pediu. O criado de mesa trouxe um carrinho com várias especialidades portuguesas e ele escolheu os doces mais fortes, do tipo conventual. No final do almoço, perguntei a Mons. Clemens se o cardeal gostaria de receber daqueles doces em Roma. O secretário respondeu logo que sim. Então, por duas ou três vezes, nos anos seguintes, passei eu própria a levar-lhe uns docinhos de ovos portugueses, que entreguei sempre a Mons. Clemens, no Palácio do Santo Ofício.
Ser vaticanista com este Papa é uma nova aventura.»
A mesma Aura Miguel, a Rita Carvalho, jornalista do Diário de Notícias, voltou a narrar o assunto que foi reproduzida na reportagem «Os amigos portugueses de Bento XVI», publicada no jornal a 17 de Abril e que pode ler-se, na integra, AQUI.
«(…) No hotel do Buçaco, eram dez pessoas à mesa. E o futuro Papa não hesitou em deixar escapar um comentário jocoso à presença da jornalista. “Trocaram-se piadas religiosas que metiam infernos comunistas e capitalistas e crentes de outras religiões que chegavam ao céu. Mas o cardeal revelava-se discreto, austero na comida, e muito simples”, lembra a repórter, longe de imaginar estar perante o futuro Papa e lamentando hoje não ter registado todos os pormenores “Eu limitava-me a ouvir e a sorrir.” Na hora da sobremesa, quando chegou o carrinho dos doces, Ratzinger deu nas vistas, pois comeu de tudo um pouco. “Reparei nisso e perguntei ao seu secretário, monsenhor Clemens, se o cardeal gostaria de receber os doces em casa. Nas vezes seguintes que fui a Roma, levei-lhe umas caixas, que entreguei ao seu secretário.”
Esse dia tão especial ficou registado para a posteridade numa fotografia ao lado de Ratzinger, exibida com orgulho na sua sala. “É o meu trunfo!”, diz, rindo-se, e interrompendo o relato para chamar a atenção do pato que nada no lago que tem pela frente.
Cardeal Ratzinger e Aura Miguel na galeria exterior norte do Palace do Bussaco
so uma pergunta! se ha milhares de crianças a morrer a fome no mundo, porque é que a roupas de um papa custam centenas de euros? sabes-me explicar Nuno?
Sei!
e podes-me explicar?
Poder posso… se soubesse quem és!
Mas eu não quero uma explicação personalizada! Só queria que alguém com conhecimentos na área e com fluidez de escrita me explicasse isto. Já tentei perguntar a um padre, mas as pessoas tendem a confundir uma pergunta pertinente e concreta com uma crítica ou um ataque à igreja!
A questão é que eu não dou essa confiança a anónimos! Publiquei o seu comentário (excecionalmente) porque acho o seu desafio interessante. Mas não passa daí…
E gostava muito de escrever sobre isto e de lhe responder!
Mande-me um mail a dizer quem é([email protected]) ou se tiver o meu contacto, mande-me uma sms. Posso procurar responder ao seu desafio, apesar de reconhecer, desde já, que posso não conseguir satisfazê-lo(a).