E agora, senhor primeiro-ministro?
Versão FRONTAL
Portugal foi a votos e deu o seu veredicto. Sócrates pode ter sido muito contestado mas será, pelo menos assim parece, a pessoa indicada para governar o país por mais quatro anos… ou talvez menos. O veredicto dos portugueses parece também dizer que é melhor termos um parlamento diversificado do que bipolar – com o PS e o PSD a ocuparem bem mais do que três quartos dos mandatos. Na noite eleitoral, transpareceu, também, a leitura de que os portugueses preferem José Sócrates, mas bonzinho e obrigado a negociar e a gerar consensos, com o Bloco de Esquerda, com o CDS-PP, com o PCP e eventualmente, até, com o PSD, para levar o barco a bom porto.
O futuro primeiro-ministro anunciou logo na noite eleitoral que vai reunir com os partidos políticos com mandatos parlamentares para auscultar antes ainda de formar Governo. Mas José Sócrates não tem grandes alternativas. Para formar um Governo maioritário só se pode coligar com o PSD – o que nos parece impossível – ou com o CDS-PP – provavelmente a única hipótese real – ou com o BE e o PCP/PEV cumulativamente. Pelas reacções dos diferentes líderes na noite eleitoral, consideramos que a única solução que resta a Sócrates é arranjar um mega-ministro dos Assuntos Parlamentares e governar negociando ponto a ponto com quem para isso estiver disponível.
Talvez seja preconceito ideológico mas achamos que a solução dos acordos de incidência parlamentar não vão levar Portugal a lado nenhum. Pode até ser uma solução democraticamente mais vantajosa, mas em tempo de prosperidade, não em tempos de crise. Os países, numa altura de crise internacional e de iminente crise social, precisam de Governos fortes, precisam de lideranças corajosas, ambiciosas e arrojadas. Portugal não aguentará soluções concertadas ora com a esquerda radical, defensora da nacionalização da energia e da banca, ora com a direita conservadora, que defende a antítese dessa concepção. Em tempo de prosperidade essa poderia ser, de facto, uma ideia interessante, mas não agora – assim nos parece.
Resta-nos esperar se algum dos partidos da oposição ao PS terá interesse em se coligar com este e formar Governo. Ou se todos vão esperar que a Crise passe para daqui a vinte e poucos meses deitar o Governo abaixo e obrigar a novas eleições. Deixar o PS desgastar-se mais um tempo para depois voltar a tentar ganhar mais mandatos pode ser ideia que agrade a quase todos os partidos, mas que não vimos poder servir o interesse nacional.
Por muito que nos custe, parece que ontem elegemos um Governo a prazo… esperemos que não para um país a prazo…
FRONTALidade
Ficámos lisonjeados com o facto de, ao oitavo número, o FRONTAL ser já, em Mortágua, um jornal incontornável e com relevância, inclusivamente no debate político. É a prova de que seguimos o bom caminho e de que o projecto que encetámos há quatro meses é uma boa aposta. Agradecemos a deferência pese embora o facto de serem absolutamente falsas as considerações publicadas num folheto de propaganda eleitoral do PSD de Mortágua. São falsas e Raul Marta – que assume a autoria do prospecto – sabe disso – facto, aliás, que muito estranhamos e que, objectivamente, nos incomoda.
Como se pode ver nas páginas que se seguem, e nas das edições anteriores, o nosso jornal tem informações de todos os partidos, informações que são tratadas jornalisticamente de forma isenta e profissional e paginadas em espaços equivalentes. O líder do PSD já havia questionado o director do FRONTAL sobre o financiamento do projecto e todas as respostas e esclarecimentos lhe foram dados. Há dirigentes do PSD que conhecem outros projectos da empresa proprietária do FRONTAL. Não percebemos as perguntas colocadas no prospecto, por quem já foi esclarecido.
Na antevéspera do fecho da edição, o chefe da redacção do FRONTAL telefona, pessoalmente, a todos os dirigentes partidários dos municípios de Penacova e Mortágua (ou em que estes delegaram tal tarefa) no sentido de recolher informações sobre a sua acção política. Curiosamente, das oito estruturas partidárias com quem trabalhamos no FRONTAL, apenas um líder – reforçamos: apenas um – quase nunca atende o telefone, quando atende informa que ligará mais tarde e quase nunca o faz, compromete-se a mandar a informação por e-mail e ela só chega quando é impossível de publicar e os seus colegas de direcção do partido não estão autorizados a dar informações ao FRONTAL. Achávamos que era, apenas, uma dificuldade pontual. Depois de ler o prospecto do PSD coloca-se-nos a questão de saber se terão sido apenas percalços ou uma estratégia deliberada de vitimização. Lamentamos, mas não damos para esse peditório.
Podemos ser veículos de acção política, mas não fazemos política e, por isso, também não toleramos que se sirvam de nós para o fazer. Relembramos, a este propósito, o nosso estatuto editorial e o que afirmámos no Editorial do número zero. A nossa missão é promover os concelhos de Mortágua e de Penacova e as suas gentes, e não promover guerras partidárias a que somos alheios. Continuaremos, por isso, a agir como temos feito até aqui.
Mas o PSD tem razão num aspecto. Há, de facto, promiscuidade entre a política mortaguense e o jornalismo. Mas nesses jornais não se inclui o FRONTAL. Não se inclui, nem se incluirá.