O Natal e as crises (a financeira e a económica)
Desde o princípio do mês de Novembro que as montras dos estabelecimentos comerciais se engalanaram com motivos natalícios para procurar convencer os consumidores a fazer compras. O facto de a campanha de Natal começar tão cedo estará relacionado com a urgência que os empresários têm de realizar dinheiro? Será pacífico entender-se que sim, apesar de, desde há já alguns anos, graças à febre consumista, a época natalícia começa cada vez mais cedo, e ter cada vez com maior duração, obviamente.
A crise, como já aqui o dissemos, está oficializada, é efectiva e todos têm consciência disso. Consciencializámo-nos, também, de que, da crise financeira (verificada quando as pessoas não dispõem de dinheiro para gastar em bens de consumo), passámos já à crise económica (quando toda a economia, enquanto rede global de transacções de bens e serviços, perde vitalidade em consequência da quebra do consumo).
A época natalícia é a altura, no ciclo de doze meses, em que mais transacções comerciais, de vários tipos e ordens de grandeza, se operam. Grande parte dos empresários procura compensar nesta quadra o proveito que não obteve noutras alturas. É natural que assim seja. E é importante que todos procuremos colaborar com isso.
Pensamos que seria importante que todos, nesta altura de dificuldade, especificamente, quando reflectíssemos sobre o tipo de compras a efectuar e sobre os locais onde as fazer, procurássemos colaborar no sentido de exercer a solidariedade natalícia de uma forma mais global. Se consumirmos o nosso pecúlio para as compras de Natal nos estabelecimentos comerciais locais, no comércio de proximidade, estamos a apoiar empresas, geralmente pequenas ou médias. Ao fazermos isso estamos a contribuir para revitalizar o círculo virtuoso de trocas e transacções de distribuição da riqueza na nossa comunidade local.
Editorial do Jornal da Mealhada de 3 de dezembro de 2008