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10 de Setembro de 1955
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Há dias dos quais dependemos a que não damos grande valor. Se calhar porque não temos de dar, ou porque todos os dias acabam, assim, por ser importantes. No dia de hoje, há cinquenta e três anos, numa aldeia da raia, chamada Medelim, no concelho de Idanha-a-Nova, António e Alice, dois jovens de vinte e três anos, vizinhos, juntam-se em matrimónio, celebrando casamento.
Alice é filha de um pedreiro, vive com alguma prosperidade, e tem noção de que toda a vida gostou de António. António é o rapaz velho de um rancho de cinco filhos e, na ausência do pai – já falecido – é o benjamim das irmãs que o idolatram. Amparo da matriarca vive convencido que um dia terá de sair da oficina do senhor Gaudêncio, não sabe para onde, nem porquê. E um dia sai.
Casaram-se e nem sempre foram felizes… Mas viveram e construiram uma vida de conforto e prospreridade. Tiveram dois filhos, o José Augusto e o Rui. Eu sou filho do primeiro… e afilhado do segundo.