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… como toda a gente sabe, DIA MUNDIAL DA CRIANÇA. Sobre isto estará tudo dito, apesar de estar muito pouco feito… Para reflectir neste dia em que transformamos as nossas crianças em “pequenos ditadores” interessava ver isto.
Veio à memória que no editorial do Jornal da Mealhada de 24 de Janeiro de 2007 escrevemos isto:
«Esse Estado social, que deveria ser de garantia, tem um problema fundamental. Não sabe o que fazer a quem não produz. Não sabe o que fazer com as crianças, que maltrata, que deixa morrer de pancada. Permite que certos condomínios recusem arrendamento a casais com filhos pequenos. Não sabe o que fazer com os deficientes, que ignora, que desampara. Não sabe o que fazer com os idosos, que amontoa em lares, onde “já não servem para nada”…
Barrie, no seu conto “Peter Pan”, contava a história da Terra do Nunca, um lugar onde as crianças, livres e por sua conta e risco, não cresciam… Às vezes parece mesmo que esse Estado social, que deveria ser de garantia, preferiria que houvesse uma Terra do Nunca, mesmo até para as crianças que não nasciam. Bem longe daqui. Longe da vista e do coração.»
Barrie, no seu conto “Peter Pan”, contava a história da Terra do Nunca, um lugar onde as crianças, livres e por sua conta e risco, não cresciam… Às vezes parece mesmo que esse Estado social, que deveria ser de garantia, preferiria que houvesse uma Terra do Nunca, mesmo até para as crianças que não nasciam. Bem longe daqui. Longe da vista e do coração.»
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Mas hoje é também o DIA MUNDIAL DO CIGANO e o DIA NACIONAL DO SOBREIRO E DA CORTIÇA. Evoca-se também SÃO JUSTINO, o padroeiro dos filósofos!
Durante muitos anos abordamos na imprensa e nos órgãos municipais o caso dos seiscentos escudos anuais pagos pela água do Luso como custo da exploração das nascentes. Até gostávamos de sublinhar jocosamente que o acto solene do pagamento mais que simbólico era feito pontualmente em duas prestações semestrais de trezentos escudos cada uma.
Nesse tempo, vão oito, dez, doze anos, levantava-se a questão, dialogava-se com quem de direito, pressionava-se, auxiliava-se onde era possível e necessário até que no último mandato do anterior presidente da Câmara se conseguiu, muito pelo seu próprio mérito e teimosia, uma plataforma julgada benéfica para ambas as partes que contemplava a desistência por parte da Câmara do processo que vinha mantendo contra a concessionária havia mais de dez anos e estipulava ainda o pagamento á Câmara, dos famosos três tostões por litro, suponho que seja esta a quantia e que agora se mantém, se bem que contemplasse uma actualização anual através duma formulacontabilista adequada.
Na altura, feitas as contas, a Câmara passaria a receber á volta de quarenta e cinco, cinquenta mil contos anuais com retroactivos a meia dúzia de anos traduzidos numas centenas de milhares de contos. O contrato foi assinado já no mandato seguinte, um trabalho que o anterior autarca deixou feito, é bom recordar para que cada um fique com os méritos ou deméritos que lhe pertencem e por outro lado será sempre bom lembrar estes negócios porque afinal são negócios de todo o município que devem interessar a todos os munícipes e neste caso particularmente aos munícipes do Luso onde a empresa em questão tinha a sua sede e onde continua a nascer abundantemente a matéria prima, única riqueza aliás, da freguesia. Sede é que na prática já não existe com evidentes consequências.
Recordado este processo que foi moroso, complexo e envolveu muita luta política, porém nenhuma que envolvesse a Câmara actual, podemos então ensaiar a leitura critica da acção camarária em relação á freguesia do Luso desde que o concessionário paga alguma coisa que se veja e desde que põe em dia as contas atrasadas.
Essa acção passou pela construção do Centro de Estágios o qual seria uma obra incomportável para os cofres municipais se os sucessivos pagamentos da divida da Água não fosse quase simultâneos com o andamento da obra. Como a obra coincidiu com essa injecção de capitais conforme o acordo firmado, ficou a Câmara livre de encargos em relação às suas receitas normais. O resto foi apenas uma questão de tesouraria e talvez a falta de apoio comunitário tenha também passado por essa abundância de meios !!!
Dito duma maneira simples, a Câmara recebeu o dinheiro do Luso e gastou-o na freguesia numa obra emblemática, necessária e oportuna para o turismo do concelho. Fez bem.
Não pode pois argumentar que agora nada faz pelas termas por já ter gasto muito na freguesia. Mas também por que o desenvolvimento do sector do turismo devia fazer parte das apostas estratégicas da Câmara e não do dividir o dinheiro por esta e aquela freguesia conforme o valor dos investimentos feitos, facto que só uma visão retrógrada, mesquinha e negativa para o concelho pode acompanhar.
Torna-se pois difícil entender o facto da Câmara nada fazer, como lhe competiria, pela reabilitação das termas no timing apropriado dando, com o seu silêncio e omissão, oportunidade á venda de património que em principio estaria afecto ao projecto Luso 2007 como bem sabia a Câmara, depois do mesmo lhe ter sido prometido no mandato anterior. Hoje sabe-se que existe apenas um estudo preliminar cujo investimento previsto para a remodelação termal é insignificante e portanto na linha do engodo a que vimos assistindo há muitos anos.
E no entanto, há um contrato de concessão das Termas a discutir e a fazer cumprir! E no entanto brinca-se com o dinheiro de todos com elefantes de golfe para satisfazer caprichos de nascenças num erro que o futuro demonstrará que se delapidou erário inutilmente. E é igualmente difícil entender as razões porque a Câmara, que já teve na mão a oportunidade de negociar o espaço da chamada Quinta do Alberto no centro do Luso, o não quis fazer, deixando passar a oportunidade de desatar esse nó e a hipótese de dar ao centro degradado das Termas, um impulso decisivo para a sua transformação.
Nos dois casos, o fracasso é evidente pela falta de muitas coisas, sobretudo pela falta de discernimento político e de capacidade de abranger e conjugar no imediato e no futuro o interesse do município. Interesses que, em discurso de ocasião, passam pela substância turística mas que, naquilo a que se pode chamar a ‘comadrice politica’ dos gabinetes não tem lugar.
Os orçamentos provam-no e a situação agónica do Luso actual onde, por exemplo, não há nem se cria um posto de trabalho para ninguém, indicia que nem tudo tem sido bem feito a vários níveis, onde a actuação da Câmara da Mealhada não está isenta de erros políticos com influência no evoluir negativo da situação presente. E de estratégia e coerência, ainda que a propaganda seja muita, não se vê de facto coisa de importância ou de substancial. Lusotemas.blog.com