Desculpem, mas não percebo o que se está a passar!
Percebo a estratégia do Governo para culpabilizar o PSD pela alegada falta de solidariedade na aprovação do Orçamento de Estado para 2011, mas não percebo os fazedores de opinião que num contorcionismo maquiavélico insistem em beneficiar o infrator.
Vamos lá ver se nos entendemos.
Em Agosto, Pedro Passos Coelho, julgo que no Pontal, apresentou os pressupostos para o apoio do PSD à viabilização do Orçamento de Estado para 2011. Fê-lo antempadamente (os criticos até o acusaram de estar a criar instabilidade antes do tempo), e declarou: Apoiaremos um Orçamento que não suba impostos e que diminua a despesa pública. O líder do PSD chegou até a clarificar que, por subida de impostos entendia, também, a redução de beneficios fiscais (ideia de que o CDS é paladino).
Em Agosto, o Governo estaria já a preparar o Orçamento – pelo menos assim se espera!
Em Agosto a posição do PSD ficou absolutamente clara.
Em Agosto Pedro Passos Coelho foi severamente criticado por estar a falar de orçamento tão cedo.
No inicio de Setembro, antes de 9 de Setembro (data limite para o Presidente dissolver a Assembleia da República) o PSD clarificou ainda que entendia que, uma vez já apresentados os seus pressupostos não fazia sentido discutir o orçamento antes de o Governo o terminar e apresentar.
Em meados de Setembro, já depois de 9 de Setembro, o Governo chama o PSD (e apenas o PSD) para encenar uma negociação do Orçamento. Mesmo assim, Passos Coelho vai a São Bento. E ouve que o Governo tenciona subir os impostos, nomeadamente o imposto sobre o consumo.
Passos Coelho garante que, assim, não há entendimento possível.
Em Nova Iorque – se fosse em Madrid seria crime de lesa-pátria – o Primeiro-ministro ameaça com a demissão que sabe que só se consubstanciaria daqui a 9 meses por imperativos constitucionais.
De quem é o ónus do fracasso da negociação?
Se passamos o tempo a exultar a política da seriedade e dos principios, faz sentido, agora, beneficiar os chicos-espertos?
Se o primeiro-ministro é mitómano, não serve.
Se não compreende o que é uma negociação, não serve.
Se não entende os sinais da economia, não serve.
Se está preocupado com eleições – legislativas e presidenciais -, não serve.
Se o Orçamento que tem para apresentar é mau, não serve.
Se não serve, demita-se! Mas demita-se mesmo e passe o cargo de primeiro-ministro ao ministro de Estado ou a outro gajo qualquer.
E eu continuo sem perceber como é que os fazedores de opinião não percebem que o gajo é perigoso!