60. Parece que só o Iraque, o Irão e os Estados Unidos da América não condenaram o assassinato de Sadam Hussein. Isto deve querer dizer alguma coisa…
Para recordação ficará a última declaração do antigo líder iraquiano, que não quis que lhe fosse colocada uma venda (para que lhe pudesse ser admirada a dignidade, como fez o nosso General Loureiro dos Santos). “Cuidado: Este governo está a ser manipulado pelo Irão”, declarou Saddam que se auto-proclamou como o grande líder sunita.
Está feito o mártir. Saddam ganhou.
Os Estados Unidos, como Israel, note-se, ainda não perceberam que por cada terrorista que eliminam, nascem quatro ou cinco.
O cristianismo por exemplo, e o exemplo poderá não ser o mais feliz, conseguiu ganhar milhões de adeptos com o martírio… Ainda hoje as igrejas cristãs (e especialmente as católicas) estão cheias de saddames que no fogo do martírio partiram com dignidade…
Este vai sem imagem. Paroquiano de uma igreja minimalista em matéria de venerandas imagens (obrigado Padre Abílio) não me vou juntar aos que já começam a fazer as (novas) pagelas deste santo.
Saddam Hussein acabou da mesma forma que ele próprio usou contra centenas de homens, mulheres e crianças. Pessoas que nem tiveram a possibilidade de serem ouvidos ou tiveram o direito a qualquer tipo de defesa.
Transformá-lo agora em mártir ou santo é algo completamente absurdo e que tenho sérias dúvidas que aconteça. Afinal, apenas pquenas minorias isoladas do Iraque, condenaram esta execução.
Aquilo que questiono, nem é tanto a sua condenação à morte(apesar de discordar), mas sobretudo o exibicionismo e a forma bárbara decidida para executar este tipo de pena, associada à passividade de um mundo que continua a assistir à prepotência de um país, que controla todos os organismos mundiais, numa atitude de quero, posso e mando.
Depois da morte de Sadam, resta agora saber qual o próximo passo dos EUA. Isso é que devia preocupar toda a comunidade mundial.