*
Eu nem queria, mas vejo-me obrigado – pelo fio dos dias, e por ele unicamente, – a falar nas eleições directas do PPD/PSD… Faltam duas horas para abrirem as urnas e sinto que tenho de fazer as minhas análises pseudo-marcelísticas… É mais forte do que eu.
Basta ler o primeiro poste deste blogue – uma declaração de interesses – para se saber que sou militante do PPD/PSD. Bastará depois ler uns postes antigos para se saber que não simpatizo com Luís Filipe Menezes. Está na hora de dizer – sem surpresa para ninguém – que simpatizo com Luís Marques Mendes. Já fui marcelista, nunca fui barrosista nem tão pouco santanista – cruzes caredo – acho que ainda sou cavaquista. Não sei se haverá mendistas, ou manuela-ferreiristas ou dias-loureiristas…
Posso não estar entusiasmadíssimo com o desempenho de Marques Mendes mas também vou adiantando que entendo o papel da oposição muito mais na linha que ele segue do que na linha do desgaste diário, do botabaixismo constante, di dizer mal porque é obrigação. Acredito que Mendes é um homem sério que está a fazer o melhor que sabe e consegue.
Será Marques Mendes o melhor candidato do PPD/PSD para ser primeiro-ministro? O PPD/PSD é um partido sebastianista – anda constantemente à procura do líder. Poderia dizer que preferia Marcelo, Manuela Ferreira Leite – a Nossa Senhora Thatcher -, ou Dias Loureiro, mas se eles não se apresentaram – porque consideram que 2009 é para esquecer – quem sou eu para os considerar nesta hora de ir a jogo.
Entre Menezes e Mendes não tenho dúvidas: mil vezes Mendes. É uma questão simples: Não confio em Menezes.
Acho, no entanto que estas eleições trarão um problema – eis a minha profecia. O PPD/PSD está condenado das duas uma:
– a uma remodelação fundamental – estilo Rui Rio, quando foi secretário-geral – que ponha em ordem questões de quotas, listas, procedimentos eleitorais, conselho de jurisdição e penalize os militantes faltosos;
– a um debate sobre cisões…
Passo a explicar-me
O PPD/PSD é um partido que em ciência política se denomina de catch all (agarra todos). E neste todos há liberais, há social-democratas tradicionais, há democratas cristãos, há conservadores, há de tudo um pouco… Estas crises demonstram que afinal é gente a mais e as diferenças ideológicas são profundas. O debate sobre que espaço político podem ocupar, hoje, as várias facções ideológicas do PSD é profundo e pode resultar numa reestrturação profunda do espectro partidário. Eu, pelo menos, assim o desejo!
Mas vocês não estão a escolher o novo primeiro-ministro; mas o líder da oposição. E este, a manter-se, deixa muito a desejar nesta função. Para primeiro-ministro, se de facto querem lá o psd (seja lá isso o que for)nem um nem outro; agora acredito que um Menezes cause mais instabilidade na governação pseudo-pacífica do ps do que um mendes (e depois dessa instabilidade, então, que se apresente um líder de peso). Se o mendes ganhar, vai continuar tudo como até aqui, morninho…
E lá ganhou o Menezes… “E no entanto, move-se”…