«”As directas (no PSD) têm pelo menos a vantagem de permitir uma fotografia exacta do partido. Dessa fotografia ficará a perceber-se que o PSD ficou reduzido a uma federação de caciques e notáveis locais. As bases são uma federação de bolsas de caciques. O partido esvaziou-se em boa parte da sua função. E num partido que não tem função todos ralham e ninguém tem razão. Os principais culpados são os senadores do PSD que lavaram as mãos como Pilatos”.
O diagnóstico é feito por José Adelino Maltez. Este professor catedrático de Ciência Política e observador atento da vida interna dos partidos, considera que, apesar da crise, não existe o perigo de uma cisão nos social-democratas: “Pode haver ameaças, mas não passa disso. Santana Lopes também andou a ameaçar e não avançou. Porque nenhum deles existe fora do contexto, fora do aparelhismo, nenhum deles existe sem estar naquele sítio.
“A situação interna não é animadora. Mas, segundo Adelino Maltez, o PSD “sempre se habituou” a viver em crise. Na sua opinião, não existem dois partidos dentro deste partido. “Há é uns que se puseram em bicos de pés e uma imensa maioria que se pôs de pé atrás. Quem for agora o líder, será sempre de transição.”Há grandes diferenças entre Mendes e Menezes? “Luís Filipe Menezes é um populista com uma agência de comunicação profissionalizada, que lhe faz o discurso. Marques Mendes é um populista artesanal. Ambos são claramente populistas, mas estão ainda na fase pré-populista, que é a demagogia. O populismo implica um actor aceite pelas massas, com um mínimo de carisma. Implica uma certa atracção e uma relação directa com o eleitorado”, sublinha Maltez».
O diagnóstico é feito por José Adelino Maltez. Este professor catedrático de Ciência Política e observador atento da vida interna dos partidos, considera que, apesar da crise, não existe o perigo de uma cisão nos social-democratas: “Pode haver ameaças, mas não passa disso. Santana Lopes também andou a ameaçar e não avançou. Porque nenhum deles existe fora do contexto, fora do aparelhismo, nenhum deles existe sem estar naquele sítio.
“A situação interna não é animadora. Mas, segundo Adelino Maltez, o PSD “sempre se habituou” a viver em crise. Na sua opinião, não existem dois partidos dentro deste partido. “Há é uns que se puseram em bicos de pés e uma imensa maioria que se pôs de pé atrás. Quem for agora o líder, será sempre de transição.”Há grandes diferenças entre Mendes e Menezes? “Luís Filipe Menezes é um populista com uma agência de comunicação profissionalizada, que lhe faz o discurso. Marques Mendes é um populista artesanal. Ambos são claramente populistas, mas estão ainda na fase pré-populista, que é a demagogia. O populismo implica um actor aceite pelas massas, com um mínimo de carisma. Implica uma certa atracção e uma relação directa com o eleitorado”, sublinha Maltez».
Texto publicado no Diário de Notícias
«A Democracia exige espaços de diálogo, de consensos, mas em Portugal não temos uma tradição de institucionalização de conflitos… cá é tudo ou nada, numa lógica de amigo/inimigo. Consequência: destes conflitos resultam sucessivas dissidências, os partidos empobrecem, as lideranças enfraquecem, as segundas linhas desaparecem… Antes disto, o PSD estava uma pasmaceira, agora, exteriorizou uma crise que estava latente. Não sabemos no que isto vai dar, mas o PSD vai voltar a discutir política».
Declaração de José Adelino Maltez ao Expresso
*
Sigo, atentamente, as intervenções do professor José Adelino Maltez. É um académico e um politólogo que muito aprecio. Li, há alguns anos, ‘O Bem Comum dos Portugueses’ e desde essa altura oiço-o com muita atenção. Confesso até que sinto alguma inveja do meu amigo André Vaz que, desde há duas semanas, é seu aluno. Aqui ficam duas notas, do passado fim-de-semana, para reflectir…
Concordo em pleno.
Uma caracterização bem interessante do PSD.
A minha frase preferida:
«Não sabemos no que isto vai dar, mas o PSD vai voltar a discutir política».
Acrescento que o PSD só volta a ser governo se voltar a discutir política a sério!
Um país não pode ser governado só para as televisões e para os grupos económicos; um país não pode ser governado só para os desempregados e os excluídos socialmente…
Bruno Peres