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A força do espírito 2.
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O envolvimento dos não-crentes, e de alguns crentes também, na vida da Igreja Católica é muitas vezes obstaculizado pela aparente contradição entre a missão de intervenção social e a opulência. A Igreja não afastará os crentes, e os não-crentes, quando inaugura uma basílica onde cabem nove mil pessoas e que custou setenta milhões de euros? Poderia perguntar-se, também, quantas pessoas poderiam ser ajudadas com essa quantia. Poder-se-ia perguntar, igualmente, se toda a obra de arte precisaria de ser justificada pela utilidade e também se a presença anual em Fátima de cinco milhões de pessoas não justificaria a construção daquele templo. Ou quantas famílias, durante o tempo que durou a sua construção, ali tiveram o seu ganha-pão. Se hoje lembramos e homenageamos o testemunho dos nossos antepassados que construíram os Jerónimos e o Mosteiro da Batalha, entre outros, que autoridade teremos de negar às gerações futuras a possibilidade de admirarem os feitos da arquitectura e da técnica dos nossos tempos? São perguntas de um debate interessante que tantas vezes ofusca o essencial, que é a importância do valor, da medida e do apoio da força do espírito.
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in Editorial do Jornal da Mealhada