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Notas sobre a Europa e o Tratado Reformador I
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Na madrugada de sexta-feira, 19 de Outubro, os chefes de Estado e de Governo dos vinte e sete estados membros da União Europeia chegaram a acordo sobre o conteúdo de um novo tratado, chamado Reformador, que vai regular o funcionamento institucional da União. O documento será assinado a 13 de Dezembro, em Lisboa, cidade que lhe dará o nome.
Depois de a chancelerina alemã, Ângela Merkel, ter conseguido o compromisso, da parte dos vinte e sete, de que o novo tratado estaria concretizado durante a presidência portuguesa, José Sócrates fez o que faltava e recolheu os louros de uma conquista histórica para a construção europeia. A presidência Guterres deixou registada, na história da União Europeia, a Estratégia de Lisboa – sobre o emprego – e a presidência Sócrates inscreve, agora, nessa história, o Tratado de Lisboa. Ao contrário do que fizeram presidências anteriores, de franceses e de holandeses, em tratados anteriores, de Nice e de Maastricht, a presidência portuguesa insistiu no supremo provincianismo de aplicar o princípio de que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Não podia o tratado ter sido debatido noutro local e hoje ter um nome que homenageasse outra cidade?