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(EM ACTUALIZAÇÃO)
Onze dias depois de termos alertado um conjunto de amigos escuteiros para a vergonha que era o spot e a campanha publicitária da Media Markt tivemos conhecimento de que a empresa iria retirar a publicidade televisiva a partir de ontem, 7 de Fevereiro.

Mandámos mensagens e, por sugestão de um amigo, criámos a petição online. A verdade é que o protesto tomou proporções e hoje a petição tem mais de 7500 assinaturas (aproximadamente o equivalente a 10 por cento do número de associados do Corpo Nacional de Escutas). Pais, amigos e não apenas escuteiros subscreveram um protesto que alguns apelidaram de exagerado.
A empresa cedeu porque terá reconhecido que tinha exagerado. E esse reconhecimento, no nosso entender, é importante.
Pelo que sabemos a empresa comprometeu-se a retirar também a alusão ao escuteiro, em toda a campanha (estática, nos panfletos e na internet). Ficamos a aguardar que cumpra a sua palavra.

Antes de enterrar o machado gostávamos, no entanto, de lembrar o seguinte:
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– O humor e alegria característicos do escuteiro não se compadecem com a falta de educação e o insulto. “O Lobito é alegre”, “O escuteiro tem sempre boa disposição de espírito”, diz a máxima e a lei do escuteiro, mas nem por isso o escuteiro, em nome da alegria, insulta, goza, ofende, maltrata. Os dirigentes educam os jovens escuteiros para o mundo real e é bom que percebam que o humor tem limites, como os tem a liberdade. Mas os limites do humor não valem só quando somos as vítimas.
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– Não nos ofendem anedotas sobre o escuteiro e o escutismo. Serão os escuteiros os primeiros a divulgá-las, não temos dúvidas disso. Coisa diferente é a utilização da imagem do escuteiro, do ponto de vista pejorativa, para vender um produto. Uma utilização gratuita, perfeitamente inusitada que não trazia, à partida, nem para ninguém, benefício absolutamente nenhum.
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– Contrariamente ao que foi dito pelos responsáveis da Media Markt a campanha da Parvónia não é internacional. Trata-se de uma campanha especial para assinalar a abertura da 500.ª loja da marca na Europa, que por acaso aconteceu em Portugal.
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Há muitas maneiras diferentes de estar na vida. Uma dessas é a maneira escutista. No nosso entender esse estilo de vida é activo e pró-activo, é disponível, é de entrega, é, dizemo-lo sem medo da palavra, MILITANTE!
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Só é derrotado quem desiste de Lutar!
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Apetecia-nos dizer ganhámos, mas será preferível dizer que ganhou o bom senso!
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Sempre Alerta para Servir,
Lobo Irmão
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PS:
A petição online será retirada às 24 horas do dia 9 de Fevereiro de 2008, acreditando na palavra da Media Markt de que reformulará toda a campanha da Parvónia retirando toda e qualquer alusão ao escutismo.
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Acreditamos, apesar de não termos disso notícia, que a Media Markt dirigiu ao Chefe Nacional do CNE um pedido de desculpas. Por nós serão aceites se cumprirem o que prometeram.
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AGÊNCIA LUSA
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Publicidade: Media Markt suspende campanha considerada ofensiva pelos escuteiros
11 de Fevereiro de 2008, 18:34
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Lisboa, 11 Fev (Lusa) – A campanha publicitária televisiva da Media Markt, com o slogan “Eu é que não sou parvo”, considerada ofensiva pelos escuteiros, foi suspensa e será substituída por outra “menos caricaturada”.
Fonte da Media Mark assegurou hoje à Agência Lusa que a empresa decidiu “parar com a campanha, tal como estava”, através de “um consenso” obtido durante uma reunião responsáveis de corpos e associações de escuteiros.
“A Media Markt ainda não pensou como prosseguirá a campanha”, afirmou a fonte, assegurando que será “menos caricaturada” e “mais suave”.
Em comunicado, o Corpo Nacional de Escutas (CNE) afirma aguardar “oportunidade de nova reunião” com a administração da empresa para “acompanhar a evolução deste processo”, depois de ter remetido um ofício à empresa denunciando a campanha “clara, objectiva e intoleravelmente ofensiva para os 80.000 escuteiros portugueses e suas famílias”.
O CNE solicitava “a suspensão imediata da referida campanha publicitária e a cessação da menção aos escuteiros”, caso contrário teriam “de agir judicialmente, quer civil, quer criminalmente”.
Já a Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP), que também havia repudiado e pedido a suspensão da campanha, assegurou à Lusa que “os pressupostos que motivaram as acções” junto dos “tribunais e da tutela, mantém-se”, mesmo com a suspensão da campanha.
Já Nuno Castela Canilho, dirigente do Agrupamento de Escuteiros 1037 da Mealhada, e primeiro signatário de uma petição na Internet contra a campanha, que reuniu mais de 7.500 assinaturas, realçou a “vitória do bom senso”.
“A campanha foi despropositada, não beneficiou ninguém e maltratou um conjunto de pessoas”, disse hoje à Agência Lusa Nuno Castela Canilho, lamentando “que a empresa tivesse de esperar quase 15 dias para suspender os anúncios”.
“Nunca esperei que mobilizasse tantas pessoas”, admitiu o dirigente, frisando que “nas escolas, a piada da parvónia, colou nalguns sectores e alguns miúdos foram gozados, por causa do ‘spot'”.
Além da personagem do escuteiro, a campanha apresenta outros três “cidadãos da Parvónia” de visita a Portugal, anunciados como o presidente e a miss deste país imaginário e ainda um general, e referia: “todos os cidadãos da Parvónia têm como principal característica a sua parvoíce. São desligados do mundo, vivem no antigamente e basicamente… são parvos!”.
JPS.
Lusa/fim.
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Escuteiro desapareceu (também) da publicidade no sitio da Media Markt

*Quarta-feira, 13 de Fevereiro, 17 horas, retirámos a petição