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Caro Dr. Pacheco Pereira,

A propósito do poema inédito de Vasco Graça Moura, que publicou no Abrupto no dia 6 de Maio, permita-me dizer-lhe que se trata de um acto de inédita desonestidade intelectual. Como Vasco Graça Moura bem sabe, e o Dr.Pacheco Pereira sabe também, a palavra ‘abrupto’, com a entrada em vigor do acordo ortográfico da língua portuguesa, não muda de grafia. Não muda porque o ‘p’ se lê e, nesse acordo, só as consoantes mudas são retiradas.

No âmbito da discussão do acordo, debate esse que achamos muito salutar, têm sido dadas informações às pessoas que, para além de falsas, vindas da boca de intelectuais de prestígio, são verdadeiros atentados à inteligência das pessoas.

Consideramos que a todos assiste o direito de estar de acordo ou em desacordo com o acordo ortográfico, mas não usemos argumentos e exemplos mentirosos para poluir a cabeça das pessoas que, com informações erradas – pese embora proferidas por intelectuais de prestígio – se vêem arredadas de um correcto uso da língua.

Com os melhores cumprimentos

Nuno Castela Canilho