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A ideia de que escrever obituários num Jornal é coisa de caloiros e novatos é falsa. Procurar organizar uma maneira de uma comunidade assinalar, com a devida vénia e homenagem, o desaparecimento de uma figura emblemática é muito complicado.

Foi essa a sensação com que fiquei hoje ao procurar elencar as pessoas que nos podiam dar conta do que foi e de quem foi João Saraiva.

E dar essa imagem para além do óbvio… para além das duas datas (do nascimento e da morte) como dizia o Alberto Caeiro no poema… Foi muito dificil.

Com João Saraiva desaparece uma parte da Mealhada antiga“, a frase é de José Andrade Branquinho de Carvalho, outra personalidade mealhadense. E é uma frase que sintetiza bem o que eu próprio senti quando soube da morte de João Saraiva, na sexta-feira.

Foi um mealhadense dos quatros costados, não daqueles que “à noite tudo e de manhã nada” (parece que nasceu na Póvoa, disse-me o filho – a quem estendo as minhas homenagens), mas do que faz um bombeiros se for preciso, e preside à Junta, mesmo que seja do reviralho. Dele também tenho ideia de ser um dos velhos carbonários, de uma Mealhada republicana, que nunca existiu. João Saraiva foi, no fundo, um republicano em terra de monárquicos! Morreu de pé, como as árvores, morreu de velho, como se quer.
Deus o guarde.