Mil Carateres #11 – Publicado no Jornal da Mealhada de 13ABR22
[2538.] ao #15725.º
Uma boa Páscoa para todos os leitores do Jornal da Mealhada. Esta é a primeira palavra que urge dizer quando já estamos em plena Semana Santa.
A tradição da Semana Santa, para os católicos especialmente, apresenta-se – na liturgia e na tradição popular – como uma proposta de vivência muito peculiar e até difícil. Um desafio íntimo e pessoal de reflexão – de renúncia e privação, de regresso ao básico e essencial – que se antevê desde o início da Quaresma, até uma proposta de vivência comunitária e coletiva que assume especialmente destaque nesta última semana antes da Páscoa.
Esta proposta ganha uma intensidade tal que, num tempo de maior valor do simbólico e menos do literal, se pode até apresentar como uma oportunidade de lazer e de turismo – a que muitos chamam de turismo religioso e outros de turismo espiritual -, para grande benefício de territórios tão abençoados como o do concelho da Mealhada, que possui um sacromonte único, com uma via sacra em tamanho natural e uma vivência com quase 400 anos.
Mas a proposta e o desafio que a Semana Santa nos apresenta – para além de toda a encenação e de toda literalidade das coroas de espinhos, das cruzes e dos pregos – é uma grande oportunidade para cultivarmos a empatia e, através desse exercício, relativizarmos e superamos os nossos próprios sofrimentos.
A Via Sacra de cada um, no dia a dia, na doença, na dor, na depressão, no desânimo e no desconsolo, ganha expressão – pela empatia, pela solidariedade, pelo Amor – na comunhão com todos os que sofrem os maus tratos da vida, os horrores da Guerra e as agressões da solidão. Uma Via Sacra que ganha esperança – simbólica e literal – na ideia de uma Ressureição possível, na superação da dificuldade pela Luz da Esperança.