A primeira alvorada do ano de 2021, em Portugal, aconteceu com a notícia da morte do fadista Carlos do Carmo. Deve ser (mais) triste morrer no alvorecer de um ano. Parece-me (ainda) pior do que falecer no final de um ano. É como se a luz se apagasse na apoteose de um nascimento.
Claro que isto da medição do Tempo em semanas, meses e anos… e depois em décadas e séculos, não passa de uma convenção. Para alguém isolado do mundo, o tempo tem o tamanho do dia, da noite, das luas e das estações e não mais. Mas para os que têm contacto com o mundo, com este tempo medido pela convenção, a aurora de um novo ano é real, é material, acontece no nosso organismo.
Comunitariamente o alvorecer do primeiro dia, a nova aurora de um novo ano, é a catarse para nos ajudar a acreditar no futuro e na Esperança. Para enterrar um ano terrível e acreditar que, a partir de agora, tudo vai ser diferente.
A palavra inglesa para alvorecer é dawn [dón]. Gosto muito da sonoridade quase poética desta palavra. A new dawn, dita pela Rainha, no seu discurso de Natal, mas especialmente cantada por Nina Simone ou Michael Bublé parece ganhar uma alegria de viver, uma adrenalina extra de querer fazer melhor, de desejar fazer diferente, de querer muito crer num tempo novo.
Que esta frescura da nova alvorada de 1 de janeiro de 2021, se boa para todos como foi para mim, possa repetir-se e impulsionar-nos a reescrever e a cantar em cada dia… com mais ou menos talento: “It’s a new dawn. It’s a new day. It’s a new life. And i’m feeling good!“.
BFD [2445.] ao #15257 .º