Faltavam 29 dias para sabermos o resultado das Eleições Legislativas… e eu disse que o resultado ia ser o seguinte:

Uma maioria relativa da Coligação ‘Portugal à Frente’.

Não acertei em relação ao Bloco de Esquerda. Eu achava que o BE ia “perder deputados”, e o Partido Comunista Português (e da CDU, naturalmente) ia “reforçar a sua posição e vai aumentar o número de deputados”. Foi ao contrário. Catarina Martins na recta final da campanha partiu a loiça toda (especialmente depois do debate com Costa) e Jerónimo de Sousa perdeu elan…

Os pequenos partidos ficarão todos à porta – Livre, AGIR, PDR fica tudo pelos ‘Passos Perdidos’.

E assim foi… o PAN não conta, é folclore. E o Livre, de Rui Tavares, morreu na praia depois de ter deitado os foguetes. É a segunda vitória de Catarina Martins. O AGIR nem se ouviu ontem à noite… e o PDR, em boa verdade, teve o que o líder mais desejava: Marinho Pinto vai continuar em Bruxelas e Estrasburgo a encher o alforge.

Na minha análise, parecia-me que

Por pouco, o somatório dos deputados do PS e do PCP [falhei porque foi o BE a conseguir isto] poderão ser mais do que os do PSD e CDS [é exactamente o mesmo 104 (sem os circulos da Europa e fora da Europa) 85 do PS + 19 do BE], mas a dificuldade em chegar a um entendimento à esquerda (e alguma pressa do Chefe de Estado) fará com que Cavaco dê posse a Passos Coelho como primeiro-ministro.

Dizia eu que

Não haverá demissões nas lideranças partidárias

António Costa não vai demitir-se. É possível que exijam que o faça e lhe tirem o tapete, mas só se fossem loucos é que o fariam antes das Presidenciais. Seria absolutamente irresponsável.

António Costa ficará com a possibilidade de derrubar o Governo na Primavera [não acontecerá antes de setembro de 2016], se se entender com o PCP [com o BE], mas entretanto abster-se-á no Orçamento e no Programa de Governo, em Dezembro. O PCP poderá ajudar a fazer cair o Governo, mas não se disponibilizará a formar Governo com o PS, e nenhuma das outras formações políticas darão aos socialistas o número de cadeiras que ele precisará. Se o PS cometer o erro do PRD em 1987 (fazendo cair o Governo) a Coligação, em nome da estabilidade, reforça a maioria e Costa vê São Bento por um canudo.

As eleições presidenciais em Janeiro de 2016 e a sua posse em Março farão com que até essa altura tudo se mantenha em suspense. Ou seja, o próximo Presidente da República será o fiel da balança durante o ano de 2016. Se a coligação se portar bem, pode ser que o governo dure até à discussão do Orçamento Geral do Estado de 2017. A partir daí já não consigo prognosticar.

Pelos discursos de ontem, António Costa vai ser aliado de Passos e ajudar a governar o país. Vai ser a última vitória de Cavaco, que queria isto desde Julho de 2013.

Passos, que é um Homem muito inteligente vai fazer cedências e meter Costa no bolso, como fez com Portas. Passos vai permitir que um socialista seja eleito Presidente da Assembleia da República – a segunda figura do Estado – e com isso vai mostrar que é um político do diálogo, num tempo novo.

Quanto a Presidenciais… ao que tudo indica não acertei completamente

Se Passos Coelho for primeiro-ministro, Rui Rio candidata-se a Belém [parece que não… o jornal Observador até o coloca como ministro da Administração Interna] e ganha [a sondagem de ontem da Intercampus diz que nem para Maria de Belém].

Marcelo vai mesmo ser Presidente da República – o que ainda vai piorar o pior dos cenários de instabilidade.

Penso eu de que…