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Não gosto nada do Bruno Nogueira. Acho que não tem, nem piada nem sentido de humor. Mas o programa que tem agora na SIC, aos sábados à noite, de reportagem, na estrada, com os cantores portugueses (chamados Pimba), que durante tanto tempo gozou à exaustão, até cumpre uma nobre missão patriótica de dar relevância a um conjunto de pessoas que – pelo que ficou patente – percebem de música e optaram por um estilo que provoca alegria e simpatia na maior parte das pessoas (onde me incluo). Gostei do programa com e sobre o ‘Quim Barreiros’.

E a este propósito – do Quim Barreiros – não consigo deixar de, à boa maneira intelectualoide, procurar teorizar a obra deste ‘poeta cavador’ – para usar uma imagem bairradina de boa memória e, também ela, já teorizada.

O poeta Joaquim de Magalhães Fernandes Barreiros (n. 19 de junho de 1947) é o arquétipo do português divertido, profundo conhecedor da língua portuguesa – especialmente na sua expressão oral – e desse conhecimento alcandura a sua música ao limite, na procura de trocadilhos e charadas que na expressão escrita não provocam qualquer efeito, mas na oralidade atingem entendimentos muito efusivos e espiclondrífico (será que escrevi isto com intelectualidade suficiente?).

Só alguém conhecedor da gramática portuguesa – das contrações, das figuras de estilo e de todo imaginário burlesco português – seria capaz de construir pérolas sublimes da Música Popular Portuguesa. Não vale a pena escrever aqui nenhuma dessas expressões, porque escritas não resultam.

Vou, no entanto, tentar:

Veja-se que na expressão escrita “Para ver se eu cozinho mais depressa” – o autor consegue transformar uma expressão da vontade de o cozinheiro produzir o seu prato de forma mais célere, na ideia de que com a panela de pressão “poderia observar o traseiro da rapariga de forma imediata”.

Ou do desabafo higiénico “Tina, imagina se eu cozinho com o meu pau (de loureiro) lá dentro (da panela)”. O poeta, no texto, explica que com o objectivo de dar mais sabor ao cozinhado, em vez de usar uma colher de pau ou de plástico, decidiu usar uma pequena arranca de loureiro. Faz sentido. Por desleixo deixou cair a arranca na panela e preocupado com as consequências queixa-se a Tina. Mas dizia eu que o poeta, com uma frase tão inocente – na expressão escrita – procura remeter a imaginação da interlocutora para a hipótese de realizarem entre eles uma relação do foro anal.

Digam lá que isto não é expressão máxima de um conhecimento grande da Língua Portuguesa.