Terminou hoje a primeira (a normal) época de Defesas Públicas das Provas de Aptidão Profissional dos alunos da EPVL que, prestes a terminar o terceiro ano, se preparam, também, e na maior parte dos casos para terminar o seu curso.
Ao longo de três semanas intensas e intensivas, muitos alunos apresentaram as suas provas nas áreas da Cozinha/Pastelaria, da Eletrónica, Automação e Comando, da Informática de Gestão e das Energias Renováveis. Tivemos uma reprovação, uma repetição e uma mão-cheia de alunos avaliados com 19 valores.
As PAP são, na prática, trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e aprofundamento de conhecimentos e competências que os alunos, no final do percurso formativo, devem conseguir sistematizar e apresentar num projecto integrado.
E esta é, na minha opinião a primeira grande virtude deste modelo de avaliação da aprendizagem: O aluno que ao longo de três anos teve uma aprendizagem modular em várias disciplinas, num total de 2600 horas, a que acresceram 720 horas em contexto real de trabalho, tem de apresentar a evidência de que aprendeu, que domina o conhecimento e as competências práticas e necessárias. Em suma, a PAP, na interdisciplinariedade tornada material, põe o aluno à prova.
Este é, aliás, algo muito próximo, senão melhor e mais aprofundado do que há uns meses era apresentado como um modelo de exemplar de formação das crianças e jovens assumido no Sistema Educativo da Finlândia.
A segunda grande virtude da PAP, enquanto instrumento de avaliação, é que ela não é avaliada apenas sobre um ângulo. O aluno é avaliado em vários momentos e sob perspectivas muito diferenciadas. É avaliado numa primeira perspectiva pelo empenho e dinâmica de trabalho – método, motivação, persistência, capacidade de ultrapassar dificuldades -. Numa segunda perspectiva é avaliado pelo projecto em si, pelo que conseguiu, onde inovou, pelo grau de dificuldade e exigência que conseguiu superar. E por fim, na derradeira perspectiva, o aluno é avaliado pela forma como consegue, perante um júri, onde estão técnicos especializados e pessoas que até podem nem conhecer nada do assunto, defender o seu trabalho, justificar as opções que tomou, o caminho que trilhou e o que ali apresenta.
A falta que me fez – e perdoe-se o registo pessoal – esta experiência na primeira vez que tive de ir a uma prova oral na Faculdade de Direito no meu curso superior.
Nestas três semanas apresentaram-se projectos verdadeiramente fantásticos, com um grau de inovação que poderá até considerar-se demasiado elevado para alunos que estão (apenas?) a concluir o nível 4, a escolaridade obrigatória. Soluções que, num país onde se valorizasse efectivamente o empreendedorismo, a inovação e a tecnologia, seria aproveitadas e tornar-se-iam grandes fontes de lucro e de rendibilidade.
Não me ficaria bem estar a identificar, publicamente, qual ou quais os projectos que me parecem verdadeiramente fantásticos. Mas fico à disposição de quem me estiver a ler e entenda aprofundar, para, em privado, identificá-los!