Faltarão, aproximadamente, 290 dias para as eleições presidenciais. Daqui a 170 dias teremos as eleições legislativas. Se alguém esperasse pelas legislativas para avançar para as presidenciais só teria 112 dias entre umas e outras. Ou seja, menos de quatro meses.
Por isso é que interessa matar o assunto das presidenciais, antes de se começar a pensar em Legislativas. Claro que esta estratégia não interessa minimamente a António Costa, que preferiria tratar de uma coisa de cada vez e não ter de gerir duas campanhas quase em simultâneo.
Concordo com Vera Jardim quando diz que não se quer do Presidente da República um protagonista interventor (Cavaco só fez bosta quando se rebelou contra Sócrates), mas um conciliador, um Pai da Pátria que a protege e resguarda. E este perfil aniquila Nóvoa, que ganha a ribalta por causa de um discurso inflamado anti-Governo.À Esquerda espera-se ainda a candidatura do Bloco de Esquerda – que há de ser um dirigente qualquer do partido que não é partido – a do PCP, que passará por alguém do Comité Central. E pena é que não seja Carvalho da Silva, esse sim poderia fazer a diferença e tornar esta campanha presidencial interessante. Marinho Pinto vai candidatar-se de certeza, e é possível que os partidos novos – o Livre, o Nós Cidadãos, o MAS, e o da Joana Amaral Dias – também queiram ir a jogo em nome da sobrevivência e afirmação política… Vicios dos velhos nos partidos novos… a história das moscas que mudam…
À Direita… Santana Lopes quer, mas não tem claque nem hipóteses… especialmente depois da campanha (bem orquestrada) contra a sua gestão na Santa Casa de Lisboa. Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio são duas hipóteses. Marcelo quer muito, mas sabe que Paulo Portas pode não conseguir engolir um sapo tão grande. Rio só vai se não tiver que ser presidente do PSD, e vai ter de o ser se Passos Coelho perder as legislativas. Por outro lado, Portas apoiaria Rio e manteria a coligação independentemente das legislativas, e só apoiará Marcelo se for obrigado pelo acordo de coligação e esta ganhar as eleições.
Ou seja, vai ter de ser um tiro no escuro… Porque não vai haver tempo para definições depois de Outubro…
Pessoalmente, não vejo na Esquerda nenhuma solução viável para Chefe de Estado (talvez votasse só em Jaime Gama ou Oliveira Martins) e não me parece que consiga votar em Carvalho da Silva. À Direita votaria em Rui Rio, mas com muita pena, porque me parece que tem mais perfil para executivo e poderá um dia ser um grande primeiro-ministro, mesmo que daqui a 8 ou 12 anos. Não votarei em Marcelo Rebelo de Sousa porque me parece que jamais conseguiria fazer um mandato presidencial digno… não se pode meter a raposa a vigiar o galinheiro… nem em Pedro Santana Lopes… mais depressa votaria em Paulo Portas do que em qualquer um destes dois…
Ou seja, como não estou obrigado a obediências partidárias de nenhuma espécie… posso esperar… mas não me parece que haja muito tempo para se apresentarem as cartas na mesa.