α
PÃO NOSSO DE CADA DIA – É um gosto observar para a Dona Olga – funcionária da EPVL responsável pela ‘Padaria da Escola’ – a amassar o pão, a tende-lo, e, depois, dar-lhe forma, cortá-lo e colocá-lo no forno. E esperar. Que coza, que seja sacudido. Para depois fazer o que lhe está na criação: Alimentar e dar prazer a quem o come. A manhã começou com esse prazer, esse cheio a lenha, a fumo, a pão quente. É uma ciência, é um prazer, é tradição, o ‘Pão da Mealhada’ é um segredo bem guardado, mas que tem de continuar a ser respeitado e mantido. Faremos a nossa parte.

β
RÓTULOS – “Fernando Pessoa – Sobre o Fascismo, a Ditadura Militar e Salazar” é um trabalho com edição de José Barreto, da Tinta da China, que deu origem ao texto “O nosso melhor poeta não era fascista”, de Luís M.Faria, publicado na revista E, do Expresso, da semana passada (e que só hoje consegui ler). Noto no texto de Faria – não li o de Barreto – uma espécie de necessidade de justificar a ideia de que o rótulo de ‘fascista’ ou de ‘salazarista’ não se aplica a Fernando Pessoa – segundo o autor, apesar do poema nacionalista “A Mensagem” ou de textos do poeta na imprensa estrangeira, ou ainda de textos anteriores a 1932 em que o senhor dos heterónimos admitia reconhecer qualidades em Salazar. Como se escrever um poema nacionalista fosse sinónimo de se ser ou não salazarista. Que ideia mais redutora! O autor, dizia eu, precisa então, de colocar em Pessoa um novo rótulo… Então procura encontrar criticas (severas e duríssimas) ao Chefe do Estado Novo, e, por fim, recebe o rótulo de “Conservador de estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservantismo, e absolutamente anti-reaccionário” (Pessoa, 1935).
Absolutamente redutora esta mania dos rótulos.

γ
ESTADO ISLÂMICO – As imagens daquelas bestas de barba e turbante a destruir as estátuas pré-islâmicas no Iraque, no Museu de Mossul, fizeram-me lembrar a narrativa e o desenlace do filme “Agora”, em que os cristãos, comandados por Cirilo, destroem a grandiosa Biblioteca de Alexandria. Sem querer desculpar os cristãos – também nessa altura umas boas bestas – a verdade é que já se passara, pelo menos dezasseis séculos, e já era tempo de o homo sapiens ter aprendido e evoluído qualquer coisa. Nomeadamente a saber preservar a herança histórica e a cultura – mesmo que pagã ou fora do nosso enquadramento intelectual. Só posso lamentar a pouca capacidade que os homens revelam em evoluir.