Assinalam-se hoje os 150 anos do nascimento do filosofo espanhol, Miguel de Unamuno. Um inteletual extraordinário, nascido basco e que chegou a ser reitor da Universidade de Salamanca. O professor Manuel dos Santos, meu mestre nalguns temas era um admirador do filosofo espanhol. E eu aprendi a ser com ele…
Dois dias depois do Presidente da Generalitat catalã ter assinado o decreto de agendamento do referendo à independencia da Catalunha, fica a resposta de Unamuno, enquanto reitor da Universidade de Salamanca, em 12 de janeiro de 1936, quando os franquistas chamavam à Catalunha e ao País Basco o excremento da Espanha.
«Estais esperando que vos fale. Conhecei-me bem e sabeis que sou incapaz de permanecer em silêncio. As vezes, permanecer calado equivale a mentir porque o silêncio pode ser interpretado como aquiescência. Quero fazer alguns comentários ao discurso – se posso chamá-lo assim – do professor Maldonado, que se encontra entre nós. Falou-se aqui da guerra internacional em defesa da civilização cristã; eu mesmo já fiz isso em outras oportunidades. Mas não, a nossa é tão somente uma guerra incivil. Vencer não é convencer, e há, sobretudo, que convencer. O ódio – que não deixa lugar à compaixão – não pode convencer. Um dos oradores aqui presentes é catalão, nascido em Barcelona e está aqui para ensinar a doutrina cristã, que vós não quereis conhecer. Eu mesmo nasci em Bilbao e passei a minha vida ensinando a língua espanhola, a qual desconheceis […] Deixarei de lado a ofensa pessoal que se deduz da repentina explosão contra bascos e catalães, chamando-os de anti-Espanha até porque com a mesma razão poderiam eles dizer o mesmo.»