Canibais preparando as suas vitimas
Francisco Goya
1798 – 1800
Musée des Beaux-Arts et d’Archéologie de Besançon
A politica é autofágica. E cada vez que os políticos criam grandes factualidades sobre costumes é quase como se estivem a suicidar, ou a comer-se a si próprios. Porque, acredito piamente, há pessoas honestas na vida política, mas não há santos. E mesmo dos atos mais inocentes podem resultar interpretações torcidas e maldizentes. Como se diz na minha terra: “O bom julgador a si se julga”, e muitas vezes julgamos os outros pelo nosso quadro de referências e não pelo seu.
O epsiódio da Tecnoforma e da atitude menos correta do primeiro-ministro é uma autofagia que aparece poucos dias antes das eleições primárias do PS, depois de um conjunto de debates televisivos que contribuiram de maneira surreal para o desgaste do partido. Arranjar um outro tema, dentro do mesmo quadro, acabou por revelar-se poderosamente relevante para as primárias socialistas. Domingo veremos a quem benefecia.
Pedro Passos Coelho era porteiro da Tecnoforma? (Diz que foi convidado para abrir portas…) Recebeu o subsidio de reintegração quando não o merecia? Recebeu uma subvenção vitalicia aos 30 e poucos anos? E os outros não?
E quantos presidentes de câmara – alguns dos mais honestos que há – receberam chorudos subsidios para serem reintegrados… na reforma?
Um politico apontar o dedo a outro politico e falar de moral é um exercicio de hipocrisia.
“Os canibais preparando as suas vitimas” é uma pintura do grade Goya onde se veem três caníbaiss preparando os corpos das suas vítimas para as comerem.
É possivel que Goya tenha conhecido a história dos missionários jesuitas Jean de Brebeuf e Gabriel Lallemant, assassinados por os indios no Canadá, em 1649, e vítimas de um posterior episodio de canibalismo.