Diz-se que ninguém pode dar o que não tem, e que o exemplo não é a melhor forma de Educar… é a única. A equipa da EPVL, AGILIS, da iniciativa ‘Dar mais tempo à vida’ mostrou que há amor para dar no exemplo e logo há educação a dar pela ação.

A iniciativa ‘Dar mais tempo à vida’, que o Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro promoveu na Mealhada, de 5 de abril a 5 de julho, mostrou à comunidade local que há uma oportunidade para se ser feliz, mesmo no meio da adversidade e que a adversidade – a da doença oncológica – pode ser aproveitada para unir as pessoas, para as fazer repensar naquilo que é verdadeiramente importante.

A iniciativa chamou-se ‘Dar MAIS tempo à vida’. Honestamente, parece-me que a mensagem fundamental é que é preciso ‘DAR TEMPO À VIDA’… seja muito ou pouco, dar algum… porque a verdade é que o mundo que nos rodeia está a fazer-nos, cada dia, dar tempo é à morte, ao pesadelo, ao sombrio e não à vida com tudo o que de bom ela tem… e é muito.

Vinte e cinco equipas deram muito e o que deram foi muito bom. Nem sempre as palestras tiveram cheias de gente, ou as iniciativas foram cheias de interesse e participação. Mas terá bastado o que a campanha operou nos voluntários que foram operadores – passe a redundância – para já ter valido a pena… e foi muito além disso.

Uma dessas equipas foi a Agilis – Em Prol da Vida Lutamos, com o acrónimo EPVL. Uma equipa de uma escola, ato inédito aqui e em iniciativas idênticas. Uma comunidade educativa que se consegue organizar para participar numa atividade onde estão grupos informais de pessoas, e não estruturas organizadas de associações. Uma equipa que demonstrou que a escola vai muito além das paredes do edifício, ou das relações educativas formais entre professores e alunos ou dirigentes e funcionários.

Ninguém pode dar o que não tem, e por isso foi possível realizar palestras, largadas de balões, fazer pulseiras e deixar mensagens. Ouvir testemunhos – especialmente da João e da Sónia, duas professoras que puderam narrar na primeira pessoa o que é sobreviver ao cancro. De certa maneira ficou o testemunho de que é possível uma escola combater o cancro, dando força a um (ou a dois) dos seu membros. E a EPVL já venceu, pelo menos, dois cancros…
O exemplo não é a melhor forma de Educar… é a única. E por isso vimos professores a dar do seu tempo pelos outros, mostrando aos alunos que o tempo se dá, se oferece, gratuitamente e que este se multiplica quando há um gesto de amor, de carinho, de afeto e de alegria.

A equipa da EPVL, AGILIS, da iniciativa ‘Dar mais tempo à vida’ mostrou que há amor para dar no exemplo e logo há educação a dar pela ação.

Todas as equipas da iniciativa estão de parabéns, mas a equipa AGILIS merece um carinho especial e um elogio especialíssimo. Porque o trabalho que foi feito nestes três meses vai multiplicar-se pela vida de todos o que a viveram, porque a escola é o terreno de toda a humanidade, o terreno mais fértil e mais produtivo que pode haver, e as sementes lançadas numa escola, multiplicam-se muito mais.

Parabéns à AGILIS. Foram espetaculares… E o que fizeram de facto não pode ainda ser realmente compreendido. Só mais tarde, muito mais tarde, no segredo das vidas onde os alunos serão protagonistas, na intimidade, é que se verá o alcance do que foi feito agora.

Parabéns a todos.

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Nota – No inicio do projeto fui convidado para integrar a Comissão Organizadora Concelhia da campanha. Na altura disse que não iria ter o tempo necessário para fazer fosse o que fosse. Mesmo assim insistiram e o meu nome foi colocado na lista da comissão. Infelizmente não consegui participar num única reunião que fosse… Incentivei a Mané – diretora pedagógica da EPVL – a constituirmos uma equipa na escola, e ela lançou o desafio à Maria João Saraiva e à Sónia Taira, e a equipa Agilis nasceu. Não tive o mesmo sucesso em outras duas tentativas a que me tinha proposto… se calhar porque não teria a oportunidade de delegar como foi possível na escola.
Fui ‘convocado’ a ir tirar a foto da comissão organizadora… fui contrariado e envergonhado, mas fui… dei o meu testemunho simples, mas fiquei sempre com o receio de estar a fingir ter feito alguma coisa sem o ter feito de facto. No sábado não tive coragem de subir a palco quando chamaram a comissão organizadora. Eu não estava à altura daquelas pessoas que deram tanto e fizeram tanto. Estaria a ser impostor se o fizesse.
Não fiz e honestamente espero não ter magoado ninguém com isso.

Mas como mealhadense estou muito orgulhoso daquilo que toda esta gente fez. Foi muito e foi bom. Muito se critica que as pessoas são isto e são aquilo… fica por demonstrar esse alegado desinteresse das comunidades de hoje. O que eu vi foi que as causas que interessam mobilizam as pessoas e que as pessoas sabem dizer presente nessas situações.

Calculam-se que possam ter sido angariados mais de 30.000 euros nestes três meses. Muito dinheiro, que resulta de muito trabalho e da boa vontade de muitos… mesmo em crise. É dinheiro solidário, é dinheiro limpo e generoso.