Excelências,
Caríssimos amigos,
Permitam-me que comece por, neste dia e nesta hora, saudar os alunos diplomados, razão fundamental desta escola, que hoje completa 23 anos de existência formal. Para eles, peço uma salva de palmas pela conclusão dos seus cursos, pela coragem, pela resistência, pela superação de todos os medos e fragilidades, por terem conseguido concluir com êxito esta etapa, apenas mais uma, no longo caminho de conquista da felicidade e da autorealização.
Juntam-se hoje, de modo formal, ao corpo de antigos alunos da EPVL, mais de meio milhar, que ao longo de 23 anos aprenderam que “Ser Profissional Vale +”, e que hoje estão nas empresas, na fábricas, nos restaurantes, mas também nas universidades, como alunos e como docentes, a demonstrar isso mesmo. A provar que a via da aprendizagem profissionalizante, por ser mais prática, é mais proveitosa, é mais valiosa, é mais formativa e muito mais compensadora, para quem acredita no trabalho como forma de alcançar o sucesso e a realização pessoal.
Peço uma salva de palmas, também, para as famílias dos nossos diplomados, que dentro do possível, souberam acompanhar o percurso dos seus educandos, que foram certamente, ao mesmo tempo, a razão e o avaliador da vinda diária à escola. E ainda para as empresas e os empresários, onde os nossos alunos tiveram formação em contexto de trabalho. Obrigado pela vossa disponibilidade, paciência e caridade, no sentido de ser um gesto de amor, o de formar jovens a crescer em alma e valores. A cada um dos empresários presentes, e de modo coletivo ao presidente da direção da Associação Comercial e Industrial da Bairrada Aguieira, direciono o nosso muito obrigado.
Agradecia que pudéssemos, igualmente, com uma salva de palmas, saudar e agradecer ao corpo de professores e formadores da nossa escola. Um conjunto de mulheres e homens empenhadíssimo, interessadíssimo, muito dinâmico e ativo que compreendem que a missão da Escola Profissional Vasconcellos Lebre passa pela formação dos nossos formandos, mas, também, por uma disposição para o serviço junto da comunidade, fora das paredes na escola, junto das empresas e do mundo real, onde os homens e as mulheres têm momentos de alegria e de angústia.
Um agradecimento e uma salva de palmas, também, para todos os colaboradores da escola, cooperadores na nobre missão de, sem protagonismos, saber dar aos alunos e professores a garantia de que a máquina funciona, discreta e certeira. Um corpo de colaboradores que é constituído na sua grande maioria por antigos alunos, e que por isso conhece a história da escola, a sua filosofia de vida e os valores que a regem.
A todos, e em nome de todos, ficam os meus primeiros agradecimentos. Reparem que a todos me referi como sendo um corpo, na metáfora tão sabiamente usada por São Paulo, “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo”, assim é a EPVL também.
A EPVL é hoje um corpo, com muitos membros, com 23 anos de sucessos, de alegrias e tristezas, de angústias e de exaltações, sob a liderança de um homem impar, de um cidadão empenhadíssimo, que serviu e serve esta casa de uma maneira sem igual. Um homem, que durante 23 anos, foi o mestre-de-obras de uma construção edificante e majestosa, que converteu a vida de milhares de jovens e famílias em histórias de salvação pessoal pelo trabalho e pela profissionalização. Um homem que até no momento da saída soube ser um professor, um pedagogo, um mestre, um pai e um amigo e que me acompanhou nos meus primeiros passos nestas funções de uma maneira sempre fraternal, autonomizadora e valorizadora. Não peço uma salva de palmas para o Eng. João Pega, sei que lha vamos dar sem ser preciso pedi-lo.
Senhor Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Dr. Manuel Castro
Almeida,
Excelência,
Muito obrigado pelo privilégio que nos presta por ter acedido ao nosso convite para estar connosco nesta tarde. Permita-me que lhe confidencie que não o convidámos pelo cargo que ocupa. Foi fácil justificar a opção de convidar o Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional para presidir a esta cerimónia, numa escola que há 23 anos não faz outra coisa senão promover o desenvolvimento regional. Porque a verdade é que esta escola já há muito que não é só da Mealhada, e são muitos os alunos que acolhemos de proveniências tão distantes como Sever do Vouga ou Ílhavo, e mais perto como dos concelhos de Oliveira do Bairro, Cantanhede, Mortágua ou Anadia.
Seria fácil justificar a presença do responsável do Governo da República que tem a seu cargo a gestão dos fundos estruturais do próximo pacote de fundos comunitários, na festa de uma escola que é altamente financiada pelos fundos do Programa Operacional do Potencial Humano do até agora Quadro de Referencia Estratégico Nacional.
Mas não, não foi por isso que convidámos o senhor secretário de Estado. Fizemo-lo porque quisemos agradecer ao homem, ao Manuel Castro Almeida, o apoio que deu à nossa escola quando, na década de 90 foi secretário de Estado da Educação e do Desporto, e exortá-lo a ele e ao Governo da República a recentrar o olhar no que verdadeiramente interessa no ensino profissionalizante: Um caminho de formação dos jovens portugueses, pensado para os jovens portugueses e para as empresas portuguesas, construído para resolver os problemas de Portugal, que não se compadece com experimentalismos mais ou menos germanofilizados e não ajustados a uma realidade onde o tecido empresarial é composto por micro, pequenas e medias empresas.
Dr. Castro Almeida, caríssimo amigo desta escola, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional do Governo da República Portuguesa, um dos construtores do Ensino Profissional em Portugal, que é uma referência em toda a Europa e no mundo, mesmo junto daqueles que porventura tentamos agora imitar, peço-lhe que puxe dos seus galões e ajude o Governo da República a recentrar as estratégias do ensino profissional em Portugal, que não são distantes daquilo que o senhor idealizou, com o Dr. Joaquim Azevedo há duas décadas.
Desculpe-me senhor Secretário de Estado, o meu atrevimento, saiba que o estimo, e que precisamos de si e do seu conselho. E é com muito prazer que vinte e três anos depois aqui o temos a si, o amigo da escola, o homem que presidiu à primeira sessão de entrega de diplomas da Escola Profissional Vasconcellos Lebre, na Mealhada.
Caríssimo Dr. José Luís Presa, presidente da Direção da Associação Nacional das Escolas Profissionais, agradeço a sua presença, e na sua pessoa todas as escolas irmãs que no último quarto de século, quais pioneiros em território desconhecido, abraçaram o projeto do ensino profissionalizante. Hoje, como há 25 anos, precisamos de voltar a convencer todos – pais e empresários, alunos e comunidade – que a via profissional não é para os menos capazes, não é para os menos inteligentes, não é para os enjeitados de um sistema educativo que tantas vezes promove a ilusão do saber, em vez do saber ser e do saber fazer. A Escola profissional é também para esses jovens, não apenas para eles, mas também para eles que têm direito a ter um futuro. Estes jovens que estão atrás de si são a prova disso. De que há para todos um futuro e uma missão para cada um.
Dr.a Ana Mónica Oliveira, caríssima amiga, aqui no papel de representante da senhora Delegada Regional da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares. Agradeço a sua presença, e pedia-lhe que levasse à senhora delegada o testemunho do nosso compromisso em colaborar com o Ministério da Educação, em sermos parceiros leais, sem deixarmos de pensar pela nossa cabeça. Porque somos uma escola, porque queremos transmitir valores e coerência, pedimos que não nos confunda com aqueles que estão a promover cursos que sabem que não vão poder ministrar – enganando famílias e jovens –, que olham os alunos como propriedade ou cabeças de gado que se dá quando está enjeitado, ou se guarda para se autojustificar. Ninguém pode dar o que não tem, mas não é a consciência de que há cada vez menos jovens em idade escolar, logo menos alunos para cada escola, que nos fará entrar na lei da selva e do vale tudo.
Senhora presidente da Assembleia Municipal da Mealhada, e na sua pessoa cumprimento e saúdo todos os autarcas que a nós se juntaram nesta tarde, e que há 23 anos nos amparam e apoiam. Todas as Juntas de Freguesia, Assembleia Municipal e, naturalmente a Câmara Municipal da Mealhada têm sido parceiros estruturantes e decisivos em todos os momentos. De modo muito particular no final do ano passado quando sob a liderança do Presidente Dr. Rui Marqueiro, com a solidariedade de todos os vereadores e na Assembleia Municipal da Mealhada, soubemos salvar a nossa escola de um normativo legal que nos mataria por omissão. Sentimos a coragem e a solidariedade no sinal claro do poder local da Mealhada de que somos também nós um corpo importante na comunidade. Hoje, aqui, agradeço a todos os autarcas esse voto de confiança. E Hoje, aqui, renovo o nosso compromisso de procurar sempre estar à altura desse voto.
A todos os parceiros da nossa escola, associações, corpos de bombeiros, grupos desportivos e artísticos, lideres religiosos. Esta casa é a vossa casa. Saibamos todos ser comunidade e corpo unido, criativo, dinâmico e transformador no sentido de um espaço mais justo, mais solidário, mais livre e mais coeso.
Agradeço, também, a presença e o apoio que nos tem dado o Eng. Bruno Coimbra, deputado da Nação, que tem sido um bom amigo da escola e um amparo importante em tantos momentos de angústia.
Aos sócios da Escola Profissional da Mealhada, Lda, e na pessoa da D.Graça Baptista, do senhor Carlos Veloso, do senhor João Peres e do Presidente Marqueiro, fica o nosso compromisso renovado em cada dia de querer transformar este projeto em algo sempre crescente e maior. Agradeço a confiança diária e a liberdade que traz sempre mais responsabilidade que me têm devotado, pessoalmente.
Dr. Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, e senhor João Peres, presidente da Caixa de Crédito Agrícola da Bairrada Aguieira, ilustres fundadores deste projeto, parabéns por 23 anos de luta, de resistência, de ambição e de sonho. Este é o vosso sonho. Esta é, na minha opinião, a obra maior que algum homem algum dia pode almejar. Catedrais de saber, estruturas perpétuas de saber e conhecimento. A obra de transformar os futuros das pessoas e das sociedades está mais perto dos deuses que dos homens, e vocês conseguiram-no, quando decidiram criar a Escola Profissional da Mealhada. Como cidadão, agradeço-vos por isso.
Dr. Marqueiro, caríssimo presidente, esta é a escola que há oito meses e meio me solicitou que gerisse. Serei o último e o único a quem possa ser pedida uma avaliação do desempenho. No entanto, posso garantir-lhe que estamos mais mobilizados que nunca, mais empenhados que nunca, mais entusiasmados que nunca. Posso garantir-lhe que estamos todos – professores, gestores e colaboradores, e de uma maneira especial eu e a nossa extraordinária diretora pedagógica, Dr.a Manuela Alves – cansadíssimos depois de um ano letivo em que demos o litro, como sempre, em que fomos a todas, em que nunca dissemos que não a nada. No entanto, estamos cheios de vontade de abrir mais um ano letivo, com novos cursos e novas apostas, novos desafios e novas demandas. Porque acreditamos que o fazemos em nome de um bem maior.
Continuaremos a dar corpo à estratégia definida coletivamente de construir o Centro de Formação Profissional para adultos ativos. É a nossa demanda mais arriscada, mas vamos conseguir. Continuaremos a trabalhar para formar jovens para o emprego e para o mercado, com cursos que o mercado pede e precisa. Continuaremos a fazer desta escola um espaço de memória, de valorização da herança artística, histórica e cultural da comunidade, um espaço de crítica, de reflexão, de cidadania. Um espaço de encontro, de comunhão e partilha de valores e sentimentos.
Senhor secretário de Estado, Senhor presidente da Câmara
Quando há oito meses e meio aceitei o desafio de ser diretor-geral desta escola, sucedendo a um homem com a envergadura do Eng. João Pega, e aceitando um desafio imenso do Dr. Rui Marqueiro, adotei como lema a frase de Nelson Mandela: “A Educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo!”. Acredito, sinceramente, nesta ideia.
Vinte e três anos de vida desta escola, mil e quinhentos alunos diplomados, vinte e um por cento dos quais com frequência no ensino superior, setenta e seis por cento deles a trabalhar, quase todos na sua área de formação, no fundo, noventa e sete por cento de sucesso, são sinais claros de que é possível construir um país novo. Que é possível garantir um futuro para todos e para uma missão para cada um.
Dr.Castro Almeida: O desenvolvimento da nossa região está aqui, à nossa frente. Estes jovens estão disponíveis para fazer o que lhes cabe, têm formação, tem as ferramentas para desenvolver o país. Saiba o país dispor deles.
Muito obrigado.
[Discurso proferido na cerimónia solene dos 23 anos da EPVL]