Regressei das comemorações oficiais do 25 de abril na Mealhada e da romagem dos bombeiros da Mealhada ao cemitério e sentei-me no sofá a ouvir o discurso do Chefe do Estado. O professor terminou e irritado com a inerguminidade de alguns senhores jornalistas, mudei de canal. Na TVI o senhor Goucha estava a falar com uma jornalista (Ana Sofia qualquer coisa) sobre um livro publicado com o título ‘Capitãs de Abril’.
Interessei-me…
Mas não… as capitãs eram as esposas dos capitães…
Naturalmente, se as Forças Armadas não tinham senhoras… se a Revolução foi feita pela tropa… é natural que as mulheres não tenham tido o protagonismo no sentido estrito da palavra.
Mas as mulheres acabaram por ser quem mais ganhou com a Revolução com nome de flor…
A emancipação da mulher, as raízes do que hoje poderá chamar-se Igualdade de Género foram conquistas da revolução que já roçavam os direitos mais básicos de um cultura moderna.
Na Mealhada, logo em 1976 elegemos a primeira mulher presidente de Câmara do país (Dr.ª Odete Isabel) e uma das primeiras mulheres presidentes de junta (professora Vera Melo). Curiosamente também em Medelim era eleita uma senhora (Dona Mimi).
40 anos depois ‘botaram faladura’ na Assembleia Municipal de Comemoração da data, cinco senhoras: Isabel Lemos, Paula Coelho e Isabel Santiago, em nome dos partidos (CDU, PS e PSD respetivamente), Odete Isabel e Paula Coelho, presidente da Assembleia Municipal. Um cenário impossível antes do 25 de Abril (dixit o único homem da mesa, Rui Marqueiro, que confidenciou o impulso de Odete Isabel para a sua via politica, ao tornar-se no mais jovem presidente da Assembleia Municipal do país).
Na assistência estava, ainda, uma das poucas mulheres do país comandante de uma corporação de bombeiros.
Estas sim, foram e são as verdadeiras mulheres de abril. Porque foram e são pelo que são e não pelos seus maridos.