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Gosto muito da Mealhada, do concelho todo, é a minha terra, mas é em Medelim que tenho as minhas raízes, a mais elementar da minha origem. Aqui sou o eu mais verdadeiro e límpido.
Venho para cá regularmente desde os meus 4 meses e cada canto tem para mim um significado especial. Desde o calor infernal dos agostos que só nos veem na rua às seis da tarde… às histórias das bengaladas da Mariazinha Cartola, das compras no Zé Careca, do rebanho do Ovelha-douda debaixo da janela do meu quarto. E do frio dos natais, do medo da infância das fotografias escuras dos bisavós no quarto do chão a ranger e do fantasma do padre que morreu no quarto de cima…
Gosto de Medelim, como se gosta de casa. Durmo mais tranquilamente em Medelim, e a falta de rede no telemóvel coloca-me num estado letárgico de grande criatividade.
E tenho saudades da teimosia do avô António, que na austeridade do amor me mostrava o mundo todo do Mercado à Mona e do Chão da Eira ao resto de uma terra cheia de alcunhas e antepassados, onde acamparam romanos, viveram templários e terão estado árabes. Ó ultimo saque dos franceses de Napoleão na velha Santa Maria Madalena de Medelim.
Foi bom. Pena que não haja sempre tempo para mais.