21 de Julho de 2013
Ao ver entrar um peregrino cá em casa, de mochila às costas, com aquele sorriso e descanso de quem já encontrou poiso por hoje, lembro que há uma semana o backpacker era eu. E parece que revivo exactamente aquilo que o peregrino está a sentir. E parece que consigo perceber a satisfação com que bebe a primeira cerveja fresquinha e descansada. E parece que sei a que sabe esticar os músculos numa cama e num banho fresco e retemperador.
E vivo tudo outra vez.
A semana passada na Irlanda foi a primeira experiência backpacker que tive depois de ser um honrado estalajadeiro (o Ovelha prefere a hospitaleiro…) e senti algo de especial.
Senti-me na simpatia do empregado da pousada de Cork que me fez logo perceber que a Irlanda não é a Britânia. Senti-me no acolhimento da família Bresham na casa de quem dormimos em Kilkenny (um bed and breakfast localizado numa vivenda familiar) e no pequeno-almoço que nos serviram na manhã seguinte. Senti no profissionalismo do funcionário da Pousada da Juventude de Belfast, que apesar de ser muito esquisito foi competente. Senti no esforço do funcionário do BB de Dublin em nos arranjar uma solução numa cidade overbooked e na mudança de atitude da sua colega, no dia seguinte, que não encontrava remédio para o irremediável.
Provavelmente passei a ver o mundo de uma maneira diferente e a sentir a satisfação de conseguir estar dos dois lados da barricada… ou do balcão…