Há uma semana, o jornal italiano ‘Il Fatto Quotidiano’ publicou um artigo – profético? – com o título “A hora impossível do Papa Francisco I”, do jornalista Maurizio Chierici. O jornalista do Público João Pedro Ferreira cita este texto – publicado antes de se saber que o conclave elegeria o primeiro dos Franciscos – e lembra: “Francisco é um nome impossível para a carga de poder com que durante séculos foi construída a infalibilidade do papado, a soberania, o controle formal de cada serviço, a autoridade sobre milhões de fiéis”.
Quando foi eleito cardeal e alguns argentinos queriam viajar para Roma para celebrar, Bergoglio convenceu-os a dar aos pobres o dinheiro que gastariam na viagem. [Voltou a fazer o mesmo, agora, através de uma carta para a Nunciatura na Argentina – actualizado em 16.03.13] O episódio é narrado pelo jornal inglês The Guardian, que descreve o novo Papa como tendo uma “abordagem prática” à questão da pobreza [A cruz que usa ao peito é de aluminio, saiu de autocarro do Vaticano depois da eleição, no dia seguinte foi ele próprio pagar a hospedagem antes do conclave, os sapatos que usa são os que trouxe de casa – actualizado em 16.03.13]. Bergoglio escolheu o nome Francisco, partilhado por dois conhecidos santos da Igreja Católica – um dos quais conhecido pela devoção aos pobres, o outro, pelo papel de evangelização no Oriente [A 16 de março confirmou que o homenageado é Francisco de Assis – actualizado em 16.03.13].
O artigo do ‘Il Fatto Quotidiano’ elaborava sobre o facto de a vida de Francisco de Assis não se ajustar à vida actual do líder da Igreja Católica. “O primeiro sinal de mudança na Igreja poderia ser o nome do sucessor de Ratzinger. Da varanda, nunca ninguém anunciou ‘aqui Francisco’”, escreveu o veterano jornalista Maurizio Chierici. “Ele morreu há quase oito séculos, mas ninguém se sentiu na disposição de abraçar a espiritualidade e dedicação absoluta para a vida dos outros”. O artigo citava o parlamentar italiano Raniero La Valle, um dos representantes da esquerda cristã: “Francisco é um nome impossível para a carga de poder com que durante séculos foi construída a infalibilidade do papado, a soberania, o controle formal de cada serviço, a autoridade sobre milhões de fiéis”.
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O grupo de frades ficou chocado com o luxo e ostentação da corte papal e assim que regressou a Assis construiu uma cabana para se albergar.
Francesco faleceu em 1228 e foi canonizado pouco depois. Pela sua vida e pelo testemunho de humildade e de louvor às criaturas criadas por Deus, ficou associado como o padroeiro da Natureza e da Ecologia.
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Na sua comunicação aos jornalistas acreditados no Vaticano, três dias depois da eleição, o Papa Francisco explicou, exactamente como e porque escolheu o nome de Francisco como seu nome papal.
Aqui está o video: