Reportagem “Alguma dor cura a Alma” destaca importância do distrito
Livro sobre peregrinações religiosas
apresentado no Café Santa Cruz em Coimbra
A centralidade de Coimbra nos caminhos para Santiago de Compostela e Fátima é destacada em “Alguma dor cura a alma”, do jornalista Carlos Ferreira, que caminhou 481 quilómetros em 13 dias para escrever a reportagem que originou o livro. A etapa entre Pombal e Coimbra é uma das mais dramáticas relatadas na obra. A próxima apresentação é no histórico Café Santa Cruz, em Coimbra, e terá como oradores Carlos Camponez, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Nuno Castela Canilho, peregrino do Caminho de Santiago e hospitaleiro no Albergue de Peregrinos da Mealhada.
“A Cidade dos Estudantes é muito importante nos caminhos da fé e este livro não podia ignorar esse facto. Por exemplo, no aspecto histórico: a consagração a Santiago da Igreja de Castelo de Neiva, em Viana do Castelo, em 862, a referência mais antiga ao culto, fez-se por iniciativa do bispo Nausto de Coimbra, e tem início nesta cidade a rota descrita no mapa mais antigo (1138) do Caminho Português”, explica o autor, Carlos Ferreira.
Há ainda duas figuras femininas que reforçam a centralidade de Coimbra na história dos caminhos da fé para a Galiza e para Fátima: a rainha Santa Isabel e a irmã Lúcia. A primeira peregrinou duas vezes (1325 e 1335) a Santiago de Compostela. O seu túmulo, no mosteiro de Santa Clara-a-Nova, tem representados o Apóstolo, o bordão e a bolsa das esmolas, que comprovam a sua condição como peregrina. E a vidente passou a maior parte da sua vida no Carmelo de Santa Teresa, onde faleceu aos 98 anos, a 13 de Fevereiro de 2005.
“O percurso sob chuva torrencial entre Pombal e Coimbra foi o mais dramático da jornada. Parecia o dilúvio durante 35 quilómetros. E o dia seguinte, a caminho da Anadia, também foi bastante difícil. Mas foi também em Coimbra que, inesperadamente, recebi o primeiro gesto de solidariedade, um daqueles que justificam fazer o Caminho. Na pastelaria Pistrina, vendo a minha condição de peregrino e que me preparava para enfrentar a tempestade que se abatia na cidade, ofereceram-me o pequeno almoço”, conta o jornalista, que fez a caminhada solitária a uma média de 37 quilómetros diários, transportando 14 quilos de mantimentos.
O culto a Santiago Maior (ou São Tiago) de Compostela nasceu durante a reconquista cristã e há historiadores que justificam o seu crescimento com a necessidade de unir os reinos da Península Ibérica na luta contra os mouros. A sua influência estendeu-se rapidamente ao então Condado Portucalense, deixando para memória futura, por exemplo, 184 paróquias e 140 capelas em território nacional. Em sentido contrário, mas partilhando o mesmo percurso nalguns troços, está também a consolidar-se o Caminho de Fátima. É uma corrente humana, de 50 mil fiéis por ano, diferente da que peregrina ao sepulcro do Apóstolo.
“Caminhei entre oito e dez horas por dia. E entrei na Catedral de Santiago de Compostela no dia 13 de Maio de 2012, pelas 12h00, no momento em que, no Altar do Mundo, 300 mil pessoas celebravam a primeira aparição de Nossa Senhora aos Três Pastorinhos. Às vezes perguntam-me se fui por fé. Costumo responder: “Por alguma razão não terei ido a pé a Madrid, mas ainda não sei qual é”, afirma Carlos Ferreira.
O pagamento de promessas a Nossa Senhora motiva a generalidade dos peregrinos de Fátima, enquanto apenas um quinto dos caminheiros que se dirigem à Galiza (192 mil em 2012) o fazem como manda a Igreja. A antiguidade deste Caminho justifica uma mescla de culturas, de religiosidades, de razões e de interesses, de patrimónios, que a juventude dos itinerários do Altar do Mundo ainda não acumularam, apesar de 131 dos 174 santuários portugueses serem marianos, o que demonstra bem a devoção popular à Virgem.
“Espero que esta seja uma grande reportagem e não apenas uma reportagem grande. Uma espécie de reconciliação entre o jornalismo e os leitores, que permaneça para além da espuma dos dias. Este é o meu desejo mais íntimo e o meu humilde contributo para demonstrar que o anúncio da nossa morte profissional é uma notícia claramente exagerada”, diz o autor.
A próxima apresentação do livro, editado pela Chiado Editora, está marcada para sábado, dia 09 de Fevereiro, às 16h30, no Café Santa Cruz, na Praça 8 de Maio, no centro de Coimbra.
Link para download de fotos de Carlos Ferreira e do caminho entre Fátima e Santiago de Compostela: http://www.sendspace.com/file/foy3g9
Página: http://www.facebook.com/pages/Alguma-dor-cura-a-Alma/278604258914968
Evento: http://www.facebook.com/events/425379687518818/
Sobre o autor:
Carlos Ferreira, natural de Pombal e residente em Leiria, de 45 anos, tinha dezasseis quando publicou pela primeira vez. É um texto de 750 caracteres no Jornal do Incrível, sobre como enriquecer sem esforço, pelo qual recebeu 200 escudos (menos de um Euro!). Ainda hoje desconfia da aplicabilidade do conteúdo do texto.
Em 1985, com dezoito anos, iniciou a carreira de jornalista na Rádio Comercial de Leiria e depois passou por Órgãos de Informação como a Semana de Leiria (1985), Jornal de Leiria (1985-1989), Correio da Manhã (1986-2012), revista Diana (1989-1990), Jornal da Batalha (1990-1991) e O Crime (1991-2001). No Correio da Manhã foi, sucessivamente, correspondente, redactor e fotógrafo, chefe de delegação e editor. Tem ainda trabalhos publicados no DN-Jovem, Blitz, Comércio do Porto, Região de Leiria, Bailadoiro (Leiria), O Mensageiro (Leiria), Rádio Comercial e Agência Notícias de Portugal.
Entre as reportagens que realizou nestes 27 anos na Europa, Brasil e Macau, destaca a cobertura do caso do Assassino da Praia do Osso da Baleia (1987), do pós-guerra no Kosovo (1999 e 2007), do último ano da soberania portuguesa em Macau (1999) e das comemorações dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil (2000).
É autor dos livros ‘Guia do Peregrino-Papa Bento XVI em Portugal” (Presselivre, 2010) e “Na Mente do Assassino-O Serial Killer da Lourinhã” (Cofina Média Books, 2012), distribuídos com o Correio da Manhã.
Contactos:
Carlos Ferreira
Tlm: 918 322 765
E-mail: [email protected]
Chiado Editora
Site: http://www.chiadoeditora.com