Em dias de balanço de mais um ano politico em crise, os jornais e as revistas destacam a figura do Ministro de Estado e das Finaças, Vitor Gaspar, como a figura nacional do ano. De facto, a figura do tecnocrata calmissimo (às vezes dá a impressão que não lhe corre pinga de sangue) que veio de Bruxelas passou de desconhecido a amado… Sim, eu disse amado!
Há quem diga (Miguel Sousa Tavares, ontem, por exemplo) que Gaspar manda mais no Governo e no País do que o próprio Passos Coelho. De facto, é capaz de não ser mentira. Em Portugal, desde 1926 que é assim. Com exceção dos anos em que o ministro das Finanças foi o próprio Chefe do Governo, o titular das Finanças sempre foi o mais poderoso do Governo. Cavaco, na sua autobiografia politica, explana, largamente, essa ideia e essa tradição.
O ministro das Finanças sempre exigiu ter poderes reforçados num Governo – seja ele ou não de auteridade -. Poderes nas autorizações de despesa, na planificação de investimentos… sempre. Muitos foram os ministros que sairam por causa desta supremacia política de governantes que nem sempre são políticos profissionais.
Portanto, não é diferente com Gaspar.
Mas eu disse que Gaspar era amado? Disse…
Se não fosse amado será que tinha tido tanta preponderância neste Natal? Desde o bolo-rei austero na Pastelaria coimbrã Vasco da Gama, passando pelo rei mago com olheiras, cara pálida e sem camelo, que bebe Licor Beirão e pede factura… em nome do burro, ou pelo paizinho com voz fina que cortava a barba do pai Natal em 50% e corria tudo a meias… se não fosse a mulher a mandar lá em casa…
Não é isto amor?